Gaeco na operação Maresia, em 2010: saída de agentes pode parar investigações| Foto: Aniele Nascimento/Gazeta do Povo/Arquivo

Vinte policiais militares do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), ligado ao Ministério Público Estadual (MP-PR), estão em férias. A maior parte deles, no entanto, continua trabalhando normalmente no órgão. O motivo é o alto número de investigações que estão em andamento e não podem ser paralisadas. Os outros 18 PMs que são cedidos ao órgão estão na ativa. Alguns deles ainda não se apresentaram em seus batalhões na Polícia Militar para o cadastramento ordenado durante a semana pelo comandante-geral da corporação, coronel Marcos Teodoro Scheremeta.

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A polêmica em torno dos policiais cedidos ao Gaeco começou quando o governador Beto Richa (PSDB) assinou o Decreto n.º 34, publicado no Diário Oficial do Estado do dia 12 de janeiro, determinando a volta de todos os servidores públicos a suas lotações de origem. A decisão incluía os policiais militares e civis que atuam no Gaeco. A medida poderia paralisar as 250 investigações em andamento no órgão. O Gaeco é o principal órgão de combate à corrupção e ao crime organizado no estado e tem auxílio de 38 policiais militares e 20 policiais civis.

Diante do imbróglio, um policial que trabalha em um dos Gaecos no interior do estado diz que preferiu permanecer na unidade durante as férias para que as investigações em curso não fossem paralisadas. "A gente está dando continuidade. Se não fizermos, ninguém faz", disse ele, que pediu para não ter o nome revelado.

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De acordo com o policial, os agentes temem um possível retorno aos seus batalhões de origem. "Eu posso voltar para uma unidade que estava investigando", alega. Ele atuou nas investigações sobre irregularidades e desvios de recursos na Assembleia Legislativa do Paraná, caso denunciado na série Diários Secretos, da Gazeta do Povo e da RPC TV. "Combater corrupção não é fácil. Acaba sobrando para a gente. Mas tentamos fazer o melhor", afirma.

A PM ainda não informou o total de policiais recadastrados. De acordo com informações de pessoas ligadas à corporação, Scheremeta poderá decidir se haverá substituições de policiais militares na segunda-feira. O oficial teria permitido que os policiais retornassem, após o recadastramento, para as unidades em que vêm atuando, mas a informação não foi confirmada pela assessoria da corporação. O comandante-geral da PM teria ordenado a realização do recadastramento para ter um controle do efetivo cedido a outros órgãos. A PM foi procurada para comentar o caso, mas não respondeu até o fechamento desta edição. A assessoria de imprensa do secretário de estado da Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César, também não respondeu.

OAB

Para o secretário-geral da seção paranaense da Ordem dos Advo­gados do Brasil (OAB-PR), Juliano Breda, a retirada dos policiais do Gaeco é necessária. O MP-PR, de acordo com ele, conhece a situação há muito tempo e demorou para fazer concursos e reforçar o quadro funcional da instituição. "Ambos os órgãos tinham que sentar e resolver a situação", diz Breda.

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