Sem dinheiro das diárias da segunda quinzena de janeiro, nem a antecipação obrigatória de fevereiro, bombeiros e policiais correm risco de despejo das locações no litoral. Além disso, vários deles estão fazendo bicos para poder pagar as dívidas contraídas desde o início da Operação Verão. Há hoje cerca de 300 policiais militares e 500 bombeiros no Litoral do Paraná. Pela lei, cada um tem direito a receber R$ 180 por dia.
O dono de um sobrado que está sendo locado para bombeiros, em Caiobá [balneário de Matinhos], Ricardo Gabriel de Flor, cobra dez dias de aluguel. "Isso que está sendo feito é um calote. Respeito o trabalho deles, mas agora, para policiais, só alugo com dinheiro adiantado. Esse é o meu ganha pão. É a forma que tenho para ganhar dinheiro no verão. Por isso, só com dinheiro adiantado", disse Ricardo.
O problema é que com o feriado de Carnaval, a pressão contra os servidores do estado aumenta. Outra locatária, Ana Lima, está preocupada. Loca quitinetes em Matinhos para quatro policiais, mas não tem esperança em receber logo os R$ 2.400 devidos por eles.
Eles estão desde o começo da operação Verão. "Eu estou muito preocupada e com medo de não receber o dinheiro. Esse é meu negócio. Mesmo sendo constrangedor, vou cobrar", contou ela.
Segundo ela, os policiais chegam envergonhados, mas precisa cobrá-los. "Se não pagarem, vou ter que pedir para saírem. No Carnaval, todo mundo vai querer locar", disse.
Em alguns casos, a falta de dinheiro é tanta que limitam-se a comer carne moída, banana e água por dias. Quando não podem comprar, levam fiado uma marmita "reforçada" para comer no almoço e no jantar.
A reportagem conversou com mais de dez bombeiros e policiais no litoral e chegou a visitá-los para conferir a situação e constatou tudo que foi dito. Um deles, que prefere não ter o nome identificado, está fazendo bico para conseguir se sustentar no Litoral. "Estou fazendo bico de garçom à noite na praia. Ganho R$ 80 reais por noite, mais o lanche. Prefiro fazer o bico e poder comer, ganhar um dinheiro, do que ficar nesta situação", comentou. "A situação é pior que escravidão porque o escravo tinha direito a moradia e comida. Nós estamos sendo despejados e temos que dividir um prato de carne moída em três. Porque não temos mais dinheiro e crédito para comprar comida nas barracadas da praia", reclamou.
Reunião
Os bombeiros vão ter uma reunião com o secretário da Segurança Pública, Fernando Francischini, no Sesc em Matinhos, noite desta sexta-feira (6). A expectativa é que o secretário possa anunciar o pagamento, mas o próprio presidente da União de Praças do Corpo de Bombeiros do Paraná (UPCB), Henri Francis, não vê muita esperança. Segundo ele, a entidade teve reunião anteontem com o secretário, que demonstrou receptividade e prometeu tenta negociar com a Fazenda para pagar as diárias logo. "Mas ele não garantiu nada", disse Henri. Henri manifestou ainda preocupação sobre os bombeiros e policiais que estão na Costa Oeste do Paraná. Eles teriam recebido apenas seis dias de diárias desde o começo da operação Verão.
Passeata
Os bombeiros conseguiram um habeas corpus preventivo na Vara da Justiça Militar que garante o direito a manifestação sobre o problema das diárias. Por isso, no sábado (7), eles se reunirão no posto central em Guaratuba e vão fazer uma passeata até a Praça Central. Saída vai ser as 20h30.
Governo explica
Segundo nota enviada pela assessoria de imprensa do governo estadual, o governo tem encontrado "dificuldades momentâneas em alguns pagamentos em virtude da queda de arrecadação motivada pelo desaquecimento da economia nacional". Segundo o texto, esses pagamentos estão sendo reprogramados. "O das diárias de PMs e bombeiros está previsto para fevereiro".****VIDEO****
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