Foram absolvidos neste sábado (8), no Tribunal de Júri de Curitiba, por seis votos a um, os ex-policiais Airton Adonski e Reinaldo Siduovski, acusados de matar o estudante Rafael Zanella. O julgamento começou na sexta-feira.
O advogado de defesa de Adonski, Caio Fortes de Mateus, considerou a decisão justa e esperada. Para ele, não existia "o mínimo de elementos" para os acusados serem condenados por homicídio. "Isso vem para consertar uma injustiça que dura mais de oito anos", declarou o advogado. Os dois, que permanecem no Centro de Observação Criminológica e Triagem (COCT), estão presos desde 1997.
Durante o julgamento, os dois acusados foram interrogados pelos advogados de defesa e pelo promotor do Ministério Público. Ainda na sexta-feira, a acusação apresentou as provas que pretendiam incriminar os dois réus pela participação no homicídio. A defesa expôs suas provas e considerações que tentaram mostrar que os policiais não tiveram participação no assassinato. "Eles estavam a mais de 150 metros do local e numa esquina. Não tinham a mínima chance de participação direta neste crime", disse Caio Fortes de Mateus.
Adonski e Siduovski tinham sido condenados em 1998 por tortura, homicídio e por terem forjado provas. Contudo, o resultado do julgamento foi anulado devido a defesa mostrar que os policiais estavam distantes do local, e por isso não poderiam participado do homicídio.
O argumento da defesa foi que houve um acidente, já que os policiais estavam atrás de um traficante. "Os policiais faziam uma ronda para combater o tráfico de drogas na região. Junto com o Rafael Zanella, dentro do carro, estava um conhecido e temido traficante da região conhecido como Camarão, que foi flagrado vendendo drogas para duas meninas pouco antes da abordagem", afirmou Mateus.
A mãe do estudante, Elizabetha Zanella, considerou positiva a decisão do júri. Para ela, o mais importante foi esclarecer a história sobre o assassinato e mostrar que seu filho foi uma vítima. "O que nós queríamos conseguimos, que era resgatar que meu filho era do bem", disse Zanella.
"Estava torcendo para eles serem absolvidos. Isto tudo é muito desgastante. Eu sei que eles não mataram meu filho. E pelos crimes que cometeram, acredito que já pagaram com os noves anos em que ficaram presos. Agora só queremos descanso. Para a nossa família e para a deles", desabafou.
Agora a defesa pedirá o livramento condicional. A alegação é que eles já cumpriram nove dos 14 anos de prisão, e que isto representa mais dos dois terços necessários para a liberdade condicional.
A decisão tomada neste sábado ainda pode ser contestada pelo Ministério Público. De acordo com Elizabetha Zanella, a família não pretente recorrer. "É um decisão que aceitamos", encerrou.
Caso
Em 28 de maio de 1997 o estudante Rafael Rodrigo Zanella foi assassinado no bairro Santa Felicidade. Na época o caso gerou muita polêmica. Os policiais, que pertenciam ao 12.º Distrito Policial, alegaram que Rafael teria reagido à prisão, já que portava uma arma e certa quantidade de drogas, e, por isso, acabou sendo morto. Porém, uma análise da perícia mostrou que toda a cena do crime foi montada pelos policiais para justificar a morte acidental de Rafael. O tiro teria sido disparado por um informante da polícia que estava junto com os oficiais. Os outros três integrantes do carro foram torturados e coagidos pela polícia para que mentissem em seus depoimentos.
Almiro Beni Schimit, apontado como o autor dos disparos que mataram o estudante, já foi condenado a 21 anos de prisão.
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