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operação do gaeco

Policial preso fazia segurança da “mansão-cassino”

Um dos investigadores presos temporariamente na terça-feira (10) é apontado como responsável por ter mantido a segurança da chamada "mansão-cassino", um casarão localizado no bairro Parolin, em Curitiba, onde se exploravam jogos de azar com a conivência da polícia. Em entrevista à Gazeta do Povo, agentes que estouraram a casa de jogos em janeiro do ano passado apontaram que o policial detido chegou a tentar impedir a ação, mencionando o nome do então delegado-geral Marcus Vinícius Michelotto, que comandava a Polícia Civil do Paraná.

Michelotto também está preso temporariamente, a partir da operação deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

"Estouramos a ‘mansão-cassino’ e encontramos este policial na porta interna. A primeira coisa que ele falou foi: ‘parem, esta casa é do Michelotto", disse o policial, uma das testemunhas do Gaeco. "Ele estava com uma viatura descaracterizada na casa. Como tinha o controle do portão, conseguiu fugir", relatou outro agente.

Pouco depois, um dos policiais recebeu uma ligação telefônica, em que foi ameaçado de morte. O investigador detido trabalhou diretamente com Michelotto em pelo menos duas delegacias. De acordo com os agentes, ele se apresentava como "compadre" e "homem de confiança" do ex-delegado-geral. "Era ele quem fazia a segurança [do cassino] e quem fazia a coleta [dinheiro] de forma segura", apontou um dos policiais. Os agentes que participaram da invasão à "mansão-cassino" depuseram formalmente no Gaeco.

O advogado Rodrigo Sánchez Rios, que compõe a defesa de Michelotto, refuta qualquer relação do ex-delegado-geral com o investigador preso e com a "mansão-cassino". O defensor ressalta que, em outra investigação, o delegado foi ouvido pelo Gaeco e deixou claro aos promotores que não mantinha vínculos com a casa de jogos e com o policial em questão.

"O que é preocupante é que, para o Gaeco, a palavra dos policiais – que são desafetos do doutor Michelotto – está sendo aceita incondicionalmente, enquanto não está sendo dado nenhum crédito ao doutor Michelotto. Que provas eles têm do envolvimento? Nenhuma", disse o advogado. "Está se fazendo tudo para atingir a honorabilidade dele", acrescentou.

Sánchez Rios aponta que alguns "excessos" cometidos durante o cumprimento do mandado de prisão denotam perseguição pessoal ao ex-delegado-geral. Segundo o advogado, três promotores participaram da prisão. "Isso não é usual e mostra o caráter pessoal. Esses fatos são preocupantes no estado democrático de direito", avaliou.

O advogado do Sindicato das Classes Policiais Civis (Sinclapol), Milton Vernalha Miró Filho, que acompanha os investigadores presos, disse que o policial foi vítima de uma armação por parte de desafetos. "Alguém ligou para ele e marcou um horário naquele lugar ["mansão-cassino"]. Em seguida, invadiram. Foi uma armadilha para ele", destacou.Medidas judiciais

Até o fim da tarde desta quarta-feira (11), o delegado Marcus Vinícius Michelotto permanecia detido no Centro de Operações Policiais Especiais (Cope). O advogado Rodrigo Sánchez Rios disse que já tomou as devidas providências legais contra a prisão temporária. Ele considera a prisão desnecessária e que não está amparada em fatos e na norma penal.

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