Novo cromatógrafo gasoso, responsável pela identificação químicas de drogas e venenos, está encaixotado por falta de reforma na sala em que ele será instalado| Foto: Heliberton Cesca / Gazeta do Povo

O Instituto de Criminalística (IC) em Curitiba recebeu, há uma semana, da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp) um novo cromatógrafo gasoso, um equipamento que faz a identificação de componentes químicos. Ele é responsável, por exemplo, pela perícia em drogas apreendidas pelos policiais e pelo reconhecimento de venenos, que possam ter sido usados em crimes.

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Porém, a máquina ainda não foi retirada das caixas porque a sala do Laboratório de Ciências Químicas e Biológicas precisa ser reformada. A situação não é nova. O primeiro cromatógrafo chegou em 2001, ficou cinco anos encaixotado e, desde que foi instalado, não funcionou regularmente. Em julho do ano passado, ele estava funcionando depois de vários meses parado. Atualmente, está novamente no conserto em uma empresa especializada de São Paulo.

Os peritos temem que os problemas recorrentes de verba e falta de estrutura repitam-se e o equipamento, que poderia ajudar a melhorar a qualidade dos inquéritos policiais com informações mais precisas e que daria maior agilidade ao trabalho, não entre na rotina do laboratório.

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Um exemplo de uso do cromatógrafo gasoso é o recente caso de envenenamento de bombons pela doceira Margareth Aparecida Marcondes, de 45 anos. Ela foi denunciada pelo Ministério Público por tentativa de homicídio duplamente qualificado contra quatro adolescentes de Curitiba, que passaram mal após comer brigadeiros enviados por ela a Thalyta Machado Teminski, de 15 anos, com o objetivo de adiar a festa da garota.

A perita responsável pela análise dos doces, Mariana Ulyssea, fez todo o trabalho manualmente por três semanas e avançou pouco na identificação do veneno usado pela doceira. "Eu fiz três amostras para usar três solventes diferentes. Consegui descobrir que era um organofosforado (composto orgânico que contém Fósforo), mas não consegui saber qual", afirmou. Ela, então, pediu ajuda à Polícia Federal, que emprestou o cromatógrafo da instituição. Só então foi possível saber que o veneno era o Terbufós, um inseticida usado como agrotóxico. "Em pouco mais de 20 minutos saiu o resultado", contou.

Reforma

O perito criminal Jerry Cristian Gandin explicou que é necessário reformar a rede elétrica da sala do cromatógrafo no Laboratório de Ciências Químicas e Biológicas e comprar novos cilindros de gás Hélio, utilizado pelo equipamento. "Tem que trocar o disjuntor e fiação elétrica, para um cabo mais resistente." A pedido da direção do IC, o perito está fazendo orçamentos para a compra dos materiais e cotando a mão de obra necessária. "Estimo que tudo deve dar cerca de R$ 4 mil." Ou seja, o cromatógrafo de R$ 308 mil ainda não está operacional pela falta de uma reforma que custa cerca de 1% do valor da máquina.

Até agora, não há previsão de quando as modificações na infraestrutura do local sejam realizadas e nem se terá dinheiro para isso. A diretora dos laboratórios do Instituto de Criminalística em Curitiba, Ana Rita Sinhori Werzbitzki, disse que não há previsão orçamentária para este gasto e que depende de uma liberação de verba. "Na verdade, depende do governo como um todo. A gente não sabe se vai acontecer (a reforma) ou não."

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A Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp) foi procurada para comentar o caso. Através da assessoria de imprensa, informou que em 30 dias os dois cromatógrafos estarão funcionando, tanto o novo quanto o antigo. Com relação ao dinheiro para as adequações do laboratório, a Secretaria informou que a verba deve sair do caixa do Instituto de Criminalística.