Por que esse assunto de novo?

Porque prometi a um leitor que voltaria a falar sobre o uso de "porquê", "porque", "por quê" e "por que" ainda neste mês.

Primeiro, o "porquê". Usamos essa forma, em uma única palavra e com acento circunflexo, quando "porquê" exerce a função de um substantivo, com sentido de causa ou motivo. Eis um exemplo: O senador não sabe o "porquê" da insistência do partido. Podemos fazer a substituição: O senador não sabe o "motivo" da insistência do partido. Nessa acepção, "porquê" vai para o plural, como nesta sentença: Ignoro os "porquês" do seu ódio – ou seja, ignoro os "motivos" do seu ódio.

Usamos o "porque", em uma única palavra e sem acento, para estabelecer relação causal. Exemplo: O deputado saiu do partido "porque" lhe foi negada a possibilidade de disputar uma vaga ao Senado. Notem que "porque" introduz a causa (explicita a razão) da saída do deputado: a impossibilidade de disputar uma vaga ao Senado. E atenção: quando fazemos uma pergunta e já damos uma causa possível, uma hipótese, também usamos "porque", como neste exemplo: O deputado saiu do partido "porque" perdeu espaço? Aqui já se apresenta uma causa possível da saída do deputado: a perda de espaço.

Caso tenha ficado claro o uso de "porquê" e "porque", o resto fica fácil, pois só sobrou "por que" e "por quê".

O "por que" é usado para perguntas, com o sentido de "por que/qual motivo" e pelo/a qual. É bastante produtiva. Vejamos alguns exemplos: "Por que" (motivo) você foi embora? Ou então: Só eu sei os caminhos "por que" (pelos quais) passei. E ainda: O deputado não disse por que (motivo) saiu do partido.

E, encerrando, o "por quê". Usamos essa forma, com acento circunflexo, no fim de sentenças: O deputado saiu do partido "por quê"? Ou então: Ela foi embora e não disse a ninguém "por quê".

Encerrando, uma frase de uma revista para o meu leitor analisar: O ministro não soube responder "porque" sua esposa continua recebendo aposentadoria. E agora, certo ou errado?