Pouca coisa enche mais de orgulho o coração dos pais do que ouvir a confirmação daquilo que já é sabido desde quando o pequeno tinha aquela indefectível carinha de joelho, típica dos recém-chegados ao mundo: o filho é, afinal, a cara dos pais. É provável, também, que pouco mexa mais com os brios dos progenitores do que a disputa sobre de qual peixe aquele peixinho é mais filho.
Quem desvendou a charada sobre a hereditariedade foi o austríaco Gregor Mendel que, ao observar plantações de ervilha-de-cheiro em 1865, descobriu que metade do DNA de uma pessoa é herança paterna e a outra metade, materna. Desde então, centenas de estudos científicos dedicam-se a desvendar os mistérios do fantástico universo da genética.
No ouvido
O embate entre genes recessivos e dominantes define a composição de poucas características.
Raskin cita o exemplo do cerume do ouvido (sim, sua cera de ouvido é geneticamente determinada). O gene encarregado de definir se o cerume é seco ou úmido é apenas um e existe nas versões recessiva e dominante. O cerume úmido é dominante.
Funciona assim: cada ser humano tem cerca de 20 mil genes. É muito gene. Mas é como se eles formassem parezinhos – somos concebidos com uma versão herdada do pai e outra versão do mesmo gene herdada da mãe. Isso significa que as características da prole não são responsabilidade exclusiva de apenas um dos progenitores.
Integrante do Projeto Genoma Humano, o médico geneticista Salmo Raskin explica que no processo de combinação das versões paternas e maternas de alguns genes, a cópia de um dos lados é mais “forte” do que a outra (é o que, nas aulas de Biologia, aprendemos ser os genes dominantes e recessivos); em outras combinações, as duas cópias podem ter a mesma “força”.
“Nossos pais e mães possuem, juntos, quatro versões de cada gene. Cada um deles passará uma cópia para cada filho, mas não necessariamente a mesma cópia para todos os filhos. Por isso, dependendo do arranjo genético que você herdar, suas características físicas podem ser mais ou menos parecidas com seus pais e irmãos.”
E os sósias?
Chamamos sósias aquelas pessoas incrivelmente parecidas entre si e geralmente, nem sequer se conhecem. Qual é a explicação para tamanha semelhança entre duas pessoas (às vezes mais) que não têm os mesmos pais? A resposta é: probabilidade.
“Temos bilhões de pessoas na Terra, todas pertencem à mesma espécie e compartilham 99,9% do código genético”, diz Raskin.
Assim, se pai e mãe tiverem quatro versões iguais de um gene (por exemplo, o gene que determina a cor dos olhos), então todos os filhos do casal serão parecidos entre si e com os pais no que se refere a essa característica. Porém, se em um outro gene (por exemplo, o gene que determina a cor do cabelo) o pai tiver duas versões recessivas e a mãe tiver duas versões dominantes, uma das cópias fortes da mãe sempre será herdada, fazendo com que os filhos do casal tenham o cabelo da mãe. Já se o pai tiver duas versões recessivas e a mãe uma cópia recessiva e outra dominante, os filhos do casal podem herdar combinações diferentes e um sair a cara do pai e o outro, a cara da mãe.
Raskin destaca que a genética questiona o modelo “um gene, duas versões”. “Hoje sabemos que a maioria das características físicas pode resultar da combinação de genes múltiplos de ambos os pais e de fatores ambientais. Assim ocorre com os traços faciais, a cor da pele, dos olhos e do cabelo. Até mesmo a definição do lóbulo da orelha, preso ou solto, exemplo usado nas escolas para ilustrar genes dominantes e recessivos, é mais complexa.”
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