| Foto: Ilustração: Felipe Lima

Os assassinatos recentes ocorridos em conflitos no campo na região amazônica parecem distantes dos paranaenses. Só parecem. O membro da coordenação nacional da Comissão Pastoral da Terra Dirceu Fumagalli afirma que o Paraná é um estado altamente conflitivo e violento no campo. Segundo ele, nos últimos 11 anos, o estado aparece em 9.º lugar em número de vítimas assassinadas e em 10.º em ameaçados de morte em conflitos no campo. "Nós somos muito mais violentos que estados da Amazônia, como Acre, Amapá e Roraima", afirma Fumagalli, que é natural de Londrina.

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Além de conflitos no campo, o estado também foi palco de uma chacina que vitimou o ambientalista Jorge Grando, 53 anos, ex-secretário de Meio Ambiente de Pinhais, e outras quatro pessoas, ocorrida em abril, em Piraquara, na Grande Curitiba. Depois do crime, am­­­bientalistas enviaram à Co­­­­missão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Pa­­­­raná um documento que informava uma série de ameaças a militantes de Curitiba e região. "A falta de proteção é crônica no Brasil", afirma a representante da ONG Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária, Zuleica Nycz.

Ambiente de paz

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Apesar do ranking apontado por Fumagalli, o coordenador especial de Mediação dos Conflitos da Terra da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), major Carlos Eduardo Rodrigues Assunção, acredita que "o Paraná vive um ambiente de paz e diálogo no campo". Ele conta que neste ano ainda não ocorreu nenhuma invasão nova no campo e que, das 72 ocupações existentes, 40 são acompanhadas para que haja solução pacífica.

Sobre a capacidade do estado proteger ameaçados de morte no campo, Assunção lembra que existe o serviço de proteção às testemunhas. "A função do estado é proteger as pessoas em geral e, em especial, as que estão em maior perigo, como as que sofreram ameaças sérias de morte", considera.

O governo criou neste ano a Assessoria Especial para Assun­­tos Fundiários para discutir as situações ligadas aos conflitos no campo. Fazem parte do grupo representantes do governo estadual, Poder Judiciário, Ministério Público, prefeituras e Comissão de Direitos Humanos da As­­sembleia Legislativa do Paraná.