Nas Cataratas do Iguaçu, no Oeste do Paraná, lançar moedas sobre as quedas d’água é um gesto comum na busca por um pedido especial e já se tornou superstição para boa parte das cinco mil pessoas que visitam diariamente o atrativo.
O problema é que essa “tradição” representa um grande problema ambiental. Além de contaminar a água, o metal também pode causar problemas à saúde dos animais que circulam pelo local. “As aves podem confundir o brilho da moeda com um peixe na hora de se alimentar. Isso pode causar até a morte do animal”, explica Apolônio Rodrigues, chefe do setor de manejo do Parque Nacional do Iguaçu.
No mutirão de limpeza realizado na última terça-feira (29), funcionários do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – órgão responsável pela manutenção do Parque Nacional do Iguaçu – e voluntários retiraram do fundo do rio 36 quilos de moedas, originárias de vários países. Entre os voluntários havia dois montanhistas que desafiaram o medo para chegar o mais perto possível do precipício de cerca de 40 metros de altura ao fim da passarela principal.
As moedas, juntas, somaram aproximadamente R$ 1 mil, dinheiro que deve ser repassado para instituições de caridade de Foz do Iguaçu. Nada que pague o prejuízo causado ao meio ambiente.
Da última coleta, considerada recorde pelos organizadores, a curiosidade foi o volume de moedas nacionais. “Sempre retiramos muitas moedas estrangeiras, mas desta vez observamos muitas moedas de real. Pelo jeito, ultimamente o brasileiro tem feito mais pedidos”, brinca Rodrigues, que pede para que os visitantes parem com o hábito.
Além da limpeza nas cataratas, as equipes percorreram várias áreas de mata da unidade de conservação e recolheram 270 quilos de lixo. Próximo às passarelas, foi possível resgatar um verdadeiro universo de objetos, como óculos, pilhas, câmeras fotográficas, celulares, pulseiras e relógios.