Moradores da ilha treinados pelo Corpo de Bombeiros socorreram os alemães na praia| Foto: Sergio Olas

Dois músicos que ficaram feridos já receberam alta

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Surfistas da Ilha do Mel realizaram o resgate dos turistas alemães

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O incidente que atingiu o grupo de turistas alemães, na tarde de segunda-feira (18), e provocou a morte do maestro Christian Buss, de 38 anos, na Ilha do Mel, litoral paranaense, poderia ter sido evitado. O local onde os banhistas entraram na água, na Praia de Fora, não é sinalizado como perigoso. Os turistas estavam em local inapropriado, mas não sabiam disso. Não havia placas avisando sobre os riscos.

"Esse local não está sinalizado, pois não é uma praia usual para banhistas, em razão da corrente de retorno que existe no local. Ali é mais freqüentado por surfistas. Tivemos poucos incidentes nessa praia. Agora vamos colocar uma sinalização", explicou o tenente Romero Nunes da Silva Filho, do Corpo de Bombeiros de Paranaguá.

Mesmo com a corrente de retorno, a Praia de Fora não é considerada o local mais perigoso da Ilha do Mel para banhistas. No lado esquerdo da Praia Grande, perto das pedras, o mar é mais agitado, segundo o tenente Romero. Fora da temporada, a ilha fica sem supervisão dos guarda-vidas e os próprios moradores da região fazem o atendimento aos turistas, caso ocorra algum afogamento.

Foi assim que os 13 turistas foram resgatados da água por surfistas, que fizeram o treinamento "Salva Surf" promovido pelos Bombeiros de Paranaguá. Esse curso foi implantado há três anos na Ilha do Mel e vem dando resultado fora da temporada. Em 2007 não houve nenhuma morte por afogamento na ilha, nos meses fora da temporada, de acordo com dados do Corpo de Bombeiros de Paranaguá.

Durante os meses de dezembro de 2007 a março de 2008 (temporada de verão) ocorreram duas mortes por afogamento na ilha. No litoral inteiro aconteceram nove mortes, incluindo as duas da Ilha do Mel. Segundo o tenente Romero, esses afogamentos aconteceram fora dos locais de postos de guarda-vidas ou em horários em que os guarda-vidas não estavam nas praias. O período de trabalho dos guarda-vidas é das 7h às 20h.

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Na ilha inteira são dois postos fixos de guarda-vidas e um móvel. Os fixos ficam na Praia de Fora, em Brasília, e no Mar de Fora, em Encantadas. Há o posto móvel na Praia Grande, em Brasília. Um guarda-vidas fica fazendo rondas pela praia.

Cuidados

Os turistas alemães estavam sem guia na Ilha do Mel, eles iriam passar o dia no local e fariam uma apresentação à noite no Teatro Regina Vogue, em Curitiba. Para o tenente Romero, o incidente que provocou a morte do maestro Christian Buss, "foi um erro de atenção dos turistas". Um dos cuidados é o turista verificar se existem placas informando sobre o risco das águas. A sinalização, porém, não existia no ponto onde os turistas entraram na água. "O ideal seria ter a sinalização. A primeira coisa que vamos fazer é colocar as placas informando sobre a corrente", explicou o tenente.

Para Orlando Schetino, morador da Ilha do Mel, essa sinalização poderia ter evitado o incidente. "Se tivesse uma placa indicando que ali era perigoso, esses turistas não teriam entrado naquele local", afirmou Schetino, em entrevista ao telejornal ParanáTV.

Alguns cuidados também devem ser tomados individualmente. "Se o banhista não conhece o local (praia), tem que respeitar as condições do mar. O lema dos Bombeiros é ‘água no umbigo, sinal de perigo’", afirmou. A corrente de retorno acontece contra a direção das ondas e acaba puxando o banhista mais para o fundo da água. A corrente pode ser percebida na areia, pela observação, segundo explica o tenente Romero.

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"Olhando para a espuma da onda é possível notar a corrente. Quando isso existe, há uma falha de espuma no meio da onda. Já quando a onda pára de quebrar num ponto e mais para frente volta a quebrar é sinal de buraco na praia", explicou. A corrente de retorno também pode ser sentida na canela, quando a água da onda volta com força e afunda os pés do banhista na areia. Na segunda-feira, quando houve o afogamento dos turistas, além da corrente de retorno o mar estava "mexido" e com ondulações maiores.

"O ideal é o turista procurar lugares onde as águas são mais calmas e respeitar as condições do mar, não abusar. O mar tem diversas características que diferem de quem nada em piscinas", definiu o tenente Romero. A Praia de Paralelas é apontada como a mais tranqüila na Ilha do Mel para os banhistas, segundo o tenente.

Trâmites burocráticos

O corpo do maestro Christian Buss ainda não foi retirado no Instituto Médico Legal (IML) de Paranaguá. "A necropsia já foi feita e estamos no aguardo para fazer a liberação", afirmou o auxiliar de necropsia Douglas Cir Avelis. De acordo com o Roland Ewert, assistente do cônsul da Alemanha em Curitiba, o corpo do maestro será enviado para a Alemanha, mas isso ainda não tem data definida para acontecer.

"A família é a responsável pela retirada do corpo do IML, mas nenhum familiar se manifestou ainda. Levei hoje (19) o passaporte do maestro para o IML de Paranaguá", definiu Ewert. Os trâmites legais, após a autorização da família para a retirada do corpo, podem demorar de 5 a 10 dias para a conclusão. O corpo do maestro será embalsamado para ser transportado para a Alemanha.

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A família pode autorizar alguém para retirar o corpo do maestro do IML. O grupo de turistas que estava junto com o maestro na Ilha do Mel já deixou Paranaguá. A Polícia Civil da cidade abriu um inquérito para apurar as causas da morte do maestro. O prazo para encerramento das investigações é de 30 dias.

O caso

Por volta das 12h30 de segunda-feira, um grupo de 14 turistas alemães, músicos da orquestra de sopro Musikverein Echo Ubstadt, entraram na água na Praia de Fora e acabaram sendo levados pela corrente de retorno para o lado das pedras. Um grupo de surfistas fez o resgate, mas várias ondas acabaram jogando os turistas contra as pedras. O maestro Christian Buss não agüentou a força da água e morreu afogado. Dois outros músicos que ficaram feridos já receberam alta do Hospital Regional de Paranaguá.