Com a chegada dos dias mais frios, a dica número um para a prática de atividades físicas é: não pare de fazer. Cuidados com a temperatura, hidratação e com o tipo de exercício nesta época do ano são fundamentais. Além de evitar gripes, resfriados e estiramentos musculares, adaptar a atividade física ao clima pode aumentar a performance dos esportistas. Especialistas dão dicas de como se proteger e aproveitar ao máximo este período.
A primeira medida é agasalhar-se da forma correta. Escolher uma vestimenta que proteja do frio, mas também possibilite a troca de calor com o meio. Agasalhos em exagero e roupas de material plástico dificultam a evaporação. “Ao contrário do que possa parecer, de que vai aquecer o corpo, acaba por causar desidratação”, alerta a personal trainer Vanessa Porto.
Tecidos leves, como o dry fit, ajudam, por facilitar na evaporação do suor. Já o algodão, por exemplo, dificulta a transpiração. Assim que o exercício termina, é imprescindível vestir uma roupa seca e quente.
Exercícios de aquecimento antes da atividade têm importância redobrada no frio. São eles que “avisam” o corpo de que ele vai sair do modo de repouso e iniciar um exercício, mudança que se dá em vários níveis. O aquecimento deve ser ainda mais prolongado, explica Murilo Klein, da assessoria de corrida V8.
Além do alongamento, Klein sugere inserir no aquecimento uma corrida leve – com aumento constante de velocidade – ou exercícios técnicos, que aumentam a circulação e a frequência cardíaca.
Fisiologista do esporte do HCor, de São Paulo, Diego Barros explica que as células se preparam para fazer movimentos de maior amplitude e os músculos para estender e soltar as fibras. “Se eu não dou esta informação e já aplico uma carga alta (seja do próprio corpo ou de um aparelho de musculação), a fibra não está preparada para essa extensão, o que pode ocasionar, uma distensão, fratura. Não necessariamente é uma lesão, pode ser uma dor muscular no dia seguinte”, explica Barros.
No frio, o músculo fica naturalmente mais encurtado. É o que causa aquela dor muscular “de inverno”, que pode ocorrer até em momentos de repouso.
O aquecimento também é um remédio para aquela “tosse asmática”, que ocorre porque o ar gelado do ambiente externo entra em contato com um ar mais quente, da temperatura corporal. O corpo não está acostumado com o ar gelado, e a única alternativa é que ele passe por um período de adaptação.
A hidratação deve ser proporcional à atividade praticada. No inverno, quando muita gente esquece de beber água, a desidratação é um risco ainda maior. Além do líquido ajudar na performance do exercício, a ingestão de água é importante para repor eletrólitos como o sódio e o potássio, principalmente em exercícios de longa duração;
Frio favorece performance
“Quem treina no frio colhe os frutos no verão”, brinca o personal trainer Murilo Klein. A “sensação de esforço” diminui no frio, o que possibilita melhor performance. “A performance é melhor, vai estar mais agradável correr. Os recordes de maratona, por exemplo, normalmente são quebrados em um ambiente mais ameno, de 8ºC, 10ºC”.
A personal trainer Vanessa Porto explica que o frio pode ter um efeito analgésico, por atuar diretamente nas terminações nervosas. Além disso, pode estimular a liberação de “substâncias opiáceas, como endorfina, noradrenalina e serotonina, que modulam a dor, agindo como neurotransmissores inibitórios”. Em outras palavras, a sensação de dor é inibida e a de prazer, estimulada.
O frio também pode gerar melhor funcionamento de enzimas do organismo e criar um ambiente mais propenso para o emagrecimento (o que pode ser um fator motivacional para a prática de exercícios), explica Vanessa.
Além disso, o frio estimula a ação da “gordura marrom”, que possui atividade metabólica, ao contrário da gordura comum que, no máximo, pode ser consumida como alimento pelo corpo em exercício. Estudos recentes apontam a presença deste tipo de gordura corporal também em adultos e não apenas em bebês, ao contrário do que se pensava antes.