O diretor da UTI do Hospital de Clínicas da UFPR, Álvaro Rea Neto, acredita que a resolução editada pelo Cremesp vai facilitar o relacionamento entre médicos e familiares de pacientes em fase terminal, na difícil hora de decidir se aquela pessoa continuará ou não a viver, mesmo que em estado vegetativo. "O documento vai dar mais respaldo ético ao médico", avalia o diretor.
Ele explica que a maioria das mortes nos 14 leitos da UTI do HC, em Curitiba, é decorrente da decisão de desligar aparelhos ou suspender a administração de medicamentos. "Acontece quase que diariamente", revela. No entanto, somente o chamado "suporte avançado" é interrompido. O tratamento básico, como alimentação, higiene e analgésicos continua normalmente. Rea Neto acha importante que a discussão não se limite somente aos casos em que há morte encefálica, mas também quando se sabe que o paciente pode continuar vivo, mas a qualidade de vida dele será muito ruim (como no caso de falência múltipla de órgãos, em que a pessoa pode viver num coma por muitos anos). "Para esses casos também é ético retirar o suporte avançado de vida", afirma.
Mas o diretor ressalta que qualquer decisão só é tomada com o consentimento da família. Além disso, o consenso acontece semanas depois que o paciente é internado. "A família e os médicos não estão preparados para definir isso logo que a pessoa sofre um trauma e entra na UTI", conclui Rea Neto.