A Prefeitura de Mariana (MG) convocou funcionários da educação para uma passeata neste sábado (12) em defesa da volta das operações da Samarco na cidade. Cerca de 500 alunos deveriam ser levados pelos professores ao evento. Com a repercussão negativa da decisão, a administração recuou nesta sexta (11) e afirmou que a nota se tratava apenas de um convite.
A Samarco está com as atividades suspensas no município desde 5 de novembro de 2015, quando uma barragem de rejeitos se rompeu liberando no meio ambiente cerca de 35 bilhões de litros de lama. Ao todo, 19 pessoas morreram – o corpo da penúltima vítima foi encontrado na última quarta-feira (9).
A tragédia deixou um rastro de destruição ao longo do curso do Rio Doce e atingiu o litoral capixaba. A mineradora já solicitou ao governo de Minas Gerais licença para voltar a operar.
Em comunicado interno divulgado nesta quinta-feira (10), a secretária interina de Educação, Juliana Alves Ferreira, escreveu que diretores, vice-diretores, pedagogos e demais funcionários das escolas municipais estavam convocados para a caminhada, às 9h deste sábado. A participação no ato compensaria o “sábado letivo previsto para 21 de maio”.
“Será fornecido transporte e cada escola levará para a passeata o número de alunos descrito no quadro abaixo”, diz o comunicado. Uma tabela contida no documento listava 15 colégios. A prefeitura informava que um lanche seria servido aos estudantes antes da saída das escolas e após a passeata.
O prefeito Duarte Jr. (PPS) chegou a gravar um vídeo para convidar “todo mundo que se preocupa pelo menos um pouco com a cidade de Mariana” para uma “grande passeata a favor da empresa Samarco”.
Nesta sexta, a prefeitura divulgou em seu site uma nota afirmando que a secretária havia se equivocado sobre o pedido do prefeito Duarte Jr. (PPS) de convocar professores. Tratava-se, segundo a nota, de um convite. A administração também desistiu de considerar o sábado da manifestação como dia letivo.
Dependente de recursos da mineração, a Prefeitura de Mariana afirma que a taxa de Compensação Financeira de Recursos Minerais paga mensalmente pela Samarco beirava R$ 6,5 milhões quando a empresa estava operando. Com a suspensão das atividades, o valor caiu para R$ 1,2 milhão.
“Esta queda na arrecadação implica em desaquecimento da economia local e ameaça grande parte dos empregos gerados na cidade. Daí a importância da manifestação por entendê-la como matéria de interesse público”, disse a prefeitura, em nota.
Sobre o convite para o ato, a Secretaria de Educação afirmou que a proposta inicial de compensação de um dia letivo com a participação na manifestação visava “incentivar a todos na participação e, assim, demonstrar a importância do retorno das atividades da empresa” e que “respeita o direito ao livre pensamento de cada um dos servidores”. “Nenhum deles sofrerá qualquer sanção, em nenhuma hipótese, em razão da sua livre escolha”, afirma a pasta, no comunicado.
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