Em Pinhão, cidade com 32 mil habitantes na região Centro-Sul do estado, contratar parentes é uma prática comum na prefeitura. Para acabar com o nepotismo na cidade, o vereador Israel Oliveira Santos (PT) tenta mobilizar os moradores para entrarem com um projeto de iniciativa popular na Câmara de Vereadores.
Para isso, ele montou uma barraca no centro da cidade e tenta coletar as mil assinaturas necessárias para o projeto dar entrada na Câmara. Em cinco dias de mobilização, mais de 500 pessoas participaram do abaixo-assinado. "Acredito que até o fim da semana a gente consiga o número mínimo de assinaturas", disse o vereador.
De acordo com Santos, mais de 40 pessoas foram contratadas por possuírem parentesco com funcionários da prefeitura. O prefeito da cidade, José Vitorino Prestes (PMDB), tem 13 familiares na sua equipe. São três filhos, mulher, irmãos, cunhados e sobrinhos que ocupam cargos de confiança. Segundo Santos, os salários dos parentes do prefeito, juntos, custam mais de R$ 44 mil mensais aos cofres públicos. "É muita gente, além do necessário. Tem funcionário que tem que sair para entrar outro em uma sala, porque não cabe", disse Santos.
Segundo Prestes, são nove os parentes que trabalham na prefeitura, e os salários deles somados não passariam de R$ 24 mil por mês. "São cargos de confiança. Com parente, você tem liberdade de cobrar mais. Se for uma pessoa estranha, ela não vai se preocupar com o cargo, só vai querer saber do dinheiro", explicou o prefeito.
"Tem que debater esse tema de forma ampla, não é uma realidade só nossa. Outras cidades também possuem nepotismo, que vem da época da Roma Antiga", justificou o vice-prefeito da cidade, Paulo César Basílio (PSB). O vice-prefeito tem a mulher, Dorian Coelho Basílio, e mais quatro parentes trabalhando na prefeitura. Dorian é secretária de educação da cidade. "Ela é professora concursada do município, tem pós-graduação e especialização. É uma pessoa capacitada para ocupar o cargo", afirmou Basílio.
Além da mulher, mais três familiares estariam trabalhando na Secretaria de Educação. Seu primo, Luciano Padilha, é o contador da prefeitura. "Ele tem mérito porque foi um militante político na campanha para prefeito", disse o vice-prefeito. De acordo com Basílio, o nepotismo também existe na Câmara.
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