Ruas de acesso às comunidades são bloqueadas

No início da madrugada, o Centro de Operações da prefeitura do Rio anunciou o esquema de trânsito da região. De acordo com a nota, desde as primeiras horas deste domingo, estão interditadas pela CET-Rio e Guarda Municipal: Av. Dom Helder Câmara, na altura da Av. Ademar Bebiano e, na altura da Av. Leopoldo Bulhões; Av. Leopoldo Bulhões, na altura da Linha Amarela; Largo de Benfica; Estrada Velha da Pavuna, na altura da Rua Francisco Medeiros; e Rua Danke de Matos, na altura da Rua Manoel Fontenele.

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A Secretaria municipal de Assistência Social recolheu, até as 9 horas deste domingo (14), 104 usuários de crack no entorno das comunidades do Complexo de Manguinhos e da Favela do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio. As comunidades foram ocupadas nesta manhã.

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Os dependentes químicos, entre eles 15 adolescentes, estão sendo levados para as unidades de acolhimento da prefeitura. As duas comunidades estão ocupadas, desde o início da manhã deste domingo, pelas forças de segurança para a implantação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) em Manguinhos, como a informou a Secretaria de Segurança neste sábado (13).

O trabalho de acolhimento foi realizado por 70 funcionários da secretaria, entre assistentes e educadores sociais, além de psicólogos. Para a ação social, profissionais de seis Coordenadorias de Assistência Social (CAS) foram mobilizados. Segundo a secretária municipal de Assistência Social, Fátima Nascimento, uma política sistemática para desintoxicação de usuários de drogas foi implementada pelo município, em abril do ano passado.

"Fazemos operações diariamente, principalmente para reabilitar usuários de crack. Eles são encaminhados para uma das três unidades de acolhimento da cidade, onde passam por uma avaliação social e psicológica. Infelizmente, por causa da legislação, não podemos aplicar acolhimento compulsório dos adultos, mas os que aceitam o tratamento são levados para uma clínica pública, na Paciência", disse Fátima Nascimento.

A cidade do Rio de Janeiro possui outras seis unidades de tratamentos para crianças e adolescentes viciados, cinco delas conveniadas ao município. De acordo com a secretária, uma média de 40 adultos são recolhidos por dia na cidade do Rio de Janeiro.

"Desde o começo do programa, em abril do ano passado, tivemos uma redução de 50 crianças e adolescentes recolhidos diariamente para 15. A redução se deve, principalmente, ao acolhimento compulsório. Temos resultados muito positivos, com menores que já saíram do período de abstinência e fazem cursos de capacitação profissional", afirmou a secretária.

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Poucas horas antes da ocupação, o clima no interior das favelas era de tranquilidade, apesar da apreensão e ansiedade em torno da operação policial. De acordo com moradores ouvidos pelo GLOBO, no início da madrugada deste domingo, as ruas estavam vazias e silenciosas. As cracolândias que funcionavam no interior e nos arredores da região estavam sem nem um usuário sequer, e as bocas de fumo foram abandonadas.

"O clima na favela está diferente. Não há ninguém nas ruas, não há motos circulando e nenhum baile funk acontecendo. Os bandidos mais importantes já foram embora, de gerente de boca de fuma para cima, todo mundo já fugiu. Só ficou aqui quem não tem problemas com a Justiça", relatou por telefone um morador do Jacarezinho.

Ainda de acordo com os moradores, os traficantes deixaram suas casas abertas e permitiram que a população pegasse para si todos os pertences. De móveis a eletrodomésticos, tudo foi levado por moradores mais pobres. Os moradores não quiseram comentar se há boatos nas comunidades sobre os destinos de fuga dos traficantes. Porém, sobre os usuários de crack, eles foram unânimes ao responder que a maioria irá se abrigar na região do Morro do Cajueiro, em Madureira.

Havia a expectativa dos moradores de que uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) também fosse instalada no Jacarezinho. Porém, no final da noite deste sábado, a Secretaria de Segurança anunciou que apenas o Complexo de Manguinhos será beneficiado com uma UPP. Os moradores da comunidade esperam que a ocupação da comunidade seja permanente e, que além da polícia, outros instrumentos do estado se instalem na região.

"Temos esperança de que o estado entre aqui socialmente para ajudar a acabar com a pobreza. Poucas horas antes da entrada da polícia, só poucas pessoas estavam pelas ruas. São usuários de crack que não tiveram forças para ir embora. Essas pessoas vão ficar por aqui sem ter onde morar, o que comer e ainda por cima doentes", contou outro morador.

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Desde o início da noite de sábado, os moradores estão dentro de suas casas e trancados. Segundo relatos, a maioria está com documentos em mãos para auxiliar a polícia em seu trabalho. Em contrapartida, eles esperam que os policiais não sejam truculentos no momento da abordagem. Os moradores dizem que as lembranças de operações policiais na região não são boas.

"Estamos acostumados com tiros, blindados e helicópteros. Não quero mais viver essa experiência. Nossa expectativa é de que os policiais tenham tato para lidar conosco nessa nova realidade", comentou o morador.