Obstrução de terminal motivou ação

O bloqueio ao terminal do Pinheirinho, por volta das 19h30 de ontem, foi confirmado pela Prefeitura de Curitiba por meio das imagens do Centro de Controle Operacional (CCO), sistema operado pela Urbanização de Curitiba, a Urbs. Segundo as imagens e o relato de fiscais da administração municipal, vários ônibus foram usados para cercar e bloquear o terminal. Um veículo que estaria com passageiros também teria sido impedido de seguir viagem e os passageiros, detidos dentro do ônibus.

No entendimento da administração municipal, a ação dos grevistas burla a determinação de manter 50% da frota em circulação nos momentos de pico e 30% nos demais horários. A liminar da justiça trabalhista que determinou a circulação parcial da frota de acordo com horários pré-estabelecidos também estabeleceu multa de R$ 100 mil em caso de descumprimento. A Justiça também expediu um mandato proibitório, no qual foi determinado que seja aplicada multa caso "o Sindimoc e os participantes da greve pratiquem atos que subvertam o sistema".

Procurado, o vice-presidente do Sindimoc, Dino Cezar, afirmou só que vai comentar o incidente após verificar os fatos.

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Negociação

Ministério Público do Trabalho também fez sua proposta de reajuste

Antes do fim da audiência no TRT-9ª, os representantes do Ministério Público do Trabalho apresentaram às partes uma contraproposta e fizeram o debate retroceder. O órgão propôs 8,5% para motoristas e 10,5% para cobradores. Carlos Roberto Ribas Santiago, advogado que representou as empresas de ônibus, abriu espaço para a sugestão. "Nesse momento, o limite é 7,26%. Mas em negociações coletivas os limites são flexíveis", afirmou.

Irredutível

Já Anderson Teixeira, presidente do Sindimoc, afirmou que o mínimo, neste momento, para todos os trabalhadores da categoria, sejam motoristas ou cobradores, são os 10,5 % propostos pela própria magistrada Ana Carolina Zaina. Para ele, não há possibilidade de redução desse porcentual.

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A greve iniciada na última quarta-feira por trabalhadores do transporte coletivo de Curitiba e Região Metropolitana chega hoje ao terceiro dia. A audiência conciliatória realizada ontem, no Tribunal Regional do Trabalho da 9.ª região (TRT-9.ª), chegou a ser suspensa para a próxima quinta-feira, depois do feriado de carnaval, mas decisão foi revertida por um recurso da Prefeitura de Curitiba.

SLIDESHOW: Confira mais fotos da greve

O recurso por motivado pelo flagrante de uma obstrução ao terminal do Pinheirinho pelas câmeras da Urbs. Grevistas cercaram o local com alguns ônibus e abandonaram os veículos. A ação motivou um recurso da administração municipal ao plantão judiciário do TRT-9.ª, pedindo a suspensão da greve e uma nova audiência de negociação para esta sexta-feira. Antes das 23 horas, a magistrada Ana Carolina Zaina, a mesma que tem intermediado as negociações entre trabalhadores e patrões, aceitou o pedido de uma nova audiência, mas não acatou a solicitação de suspensão da greve.

Histórico

A audiência de ontem avançou em relação às propostas patronal e dos empregados, mas de forma insuficiente para que as partes colocassem fim à greve. Pelos empregados, houve um recuou da pedida inicial – que era 16% de ganho real para motoristas e 22% para cobradores. Eles aceitaram proposta de Ana Carolina para que o reajuste fosse de 10,5% para ambas as categorias – ontem ela reduziu para 7,5%.

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Já os empregadores avançaram de 5,26% – índice equivalente à inflação acumulada – para 7,26%. Essa nova proposta foi rejeitada pelo Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc). Esse índice elevaria os salários dos cobradores de R$ 940 para R$ 1.009 e dos motoristas de 1.660 para 1.781.

De acordo com a Urbs, a proposta dos empregados para reajuste de 10,5% elevaria a tarifa técnica da Rede Integrada de Transportes (RIT) dos atuais 2,9353 para 3,2586. Mantida a tarifa atual cobrada do usuário (R$ 2,70), a empresa diz que esse reajuste representaria um déficit mensal de 13,9 milhões ao sistema – sendo R$ 7,9 milhões do transporte metropolitano.

De acordo com a desembargadora Ana Carolina Zaina, a próxima audiência foi marcada apenas para a quinta-feira em função de um pedido das partes para que tivessem mais tempo para "refletir" sobre as novas propostas.

Anderson Teixeira, presidente do Sindimoc, disse que a manutenção da greve é responsabilidade do sindicato patronal. "Os trabalhadores entenderam que a proposta do juízo contempla alguns dos anseios da categoria e poderia resolver esse impasse. Mas o sindicato patronal se tornou irredutível e nem no posicionamento da juíza conseguiu chegar. Não temos vontade de continuar em greve, queremos chegar a uma solução".

Carlos Roberto Ribas San­­tiago, advogado do Setransp, disse que estava frustrado por não ter avançado. "Como iríamos negociar se o limite colocado pelos trabalhadores foi de 10,5% e eles se mostraram irredutíveis em baixar?", indagou.

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