Um dia após o tornado com ventos que chegaram a 125 km/h e atingiram parte de Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná, a cidade está unida para reconstruir os estragos causados pela tempestade. Um levantamento preliminar aponta que os prejuízos devem ultrapassar a casa dos R$ 40 milhões. Aproximadamente duas mil casas, segundo a Defesa Civil, foram atingidas. Policiais militares estão visitando os imóveis para fazer um levantamento dos estragos. A prefeitura pretende usar os dados para decretar estado de emergência.
Infográfico: entenda como se forma o fenômeno
Na região sul da cidade, onde o vento foi mais intenso, praticamente todas as casas foram danificadas. Nesta sexta-feira (20), equipes da Copel aos poucos conseguem restabelecer a energia, mas pela manhã havia ainda cerca de 15 mil pessoas sem luz elétrica em suas casas. A prefeitura informou que o restabelecimento total da energia poderá levar até uma semana. Parte do município também está sem fornecimento de água.
Tornado atingiu outra cidade paranaense em 2015
Uma pequena comunidade chamada “Km 8”, localizada na zona rural de Francisco Beltrão, no Sudoeste do Paraná, ficou completamente destruída, em 13 de agosto , após a passagem de um tornado na região.
O boletim da Defesa Civil divulgado ao meio-dia afirma que 12 pessoas ficaram feridas, mas, de acordo com a prefeitura, são pelo menos 21 feridos. Um rapaz que caiu do telhado quando fazia reparos precisou ser transferido para um hospital de Cascavel, devido à gravidade dos ferimentos.
O governador Beto Richa (PSDB)agendou uma vista para a tarde desta sexta-feira em Marechal Cândido Rondon.
Liquidificador
O pastor evangélico Vilson Wild conta que estava em uma reunião em casa quando começou o temporal. “Vimos que estava se formando uma coisa fora do comum, havia um barulho muito grande nas nuvens. Logo começou o vento e nós ficamos no centro do tornado”, relata. Morador de Marechal Cândido Rondon há 30 anos, ele afirma que nunca tinha presenciado algo semelhante. “Dá para dizer que foi algo sobrenatural, pedaços de árvores, pedaços de construção voando, girando como se fosse um grande liquidificador triturando tudo pela frente, foi impressionante”, conta.
Depois de observar o fenômeno por um tempo, o grupo que estava reunido se escondeu no porão da casa com medo de que tudo fosse levado pelo vento. Um ônibus da igreja, que fica ao lado da casa do pastor, que estava estacionado tombou com a força do vento. O veículo ainda foi atingido por parte da cobertura de um ginásio de esportes que se desprendeu e voou cerca de 400 metros.
O morador Julio Cesar Rutki conta que ao chegar em casa começou a perceber os estragos. O telhado da residência foi arrancado pelo vento. “Quanto mais eu chegava perto de casa, via que os estragos eram maiores. Foi batendo uma angústia, uma vontade chorar”, revela. A mãe dele se escondeu e começou a orar e pedir a Deus que acalmasse a tempestade.
Sem condições de ficar em casa depois que o vento arrancou todo o telhado, o morador Valdemar Pereira Rosa carregava sua mudança na manhã desta sexta-feira. Ele disse que provisoriamente seus móveis ficarão na garagem da casa da mãe dele, que mora do outro lado da cidade e não foi atingida pelo temporal. “Foi uma coisa muito triste”, afirmou.
Solidariedade
Pessoas que não tiveram suas casas atingidas estão sendo solidárias e auxiliando na reconstrução das residências. Marcelo Niederl e mais três amigos saíram da cidade de Pato Bragado para auxiliar um conhecido. Ele conta que há cinco anos também foi ajudado quando um temporal de granizo atingiu sua cidade. “A gente quer sempre ajudar e não ser ajudado. Infelizmente acabou com a casa do parceiro. Ele vai ter que recomeçar do zero”, relata.
Moradores não estão conseguindo encontrar telhas para reconstrução das casas. Com a alta procura, o material começou a faltar na cidade. Segundo boletim da Defesa Civil, 20 pessoas estão desabrigadas. Elas foram levadas para o Centro de Eventos da cidade.
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