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 | Roberto Custodio/Jornal de Londrina
| Foto: Roberto Custodio/Jornal de Londrina

Presos da Unidade II da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL II) começaram uma rebelião na manhã desta terça-feira (6), durante o banho de sol. Por volta das 21h30 horas, pelo menos 11 detentos eram mantidos reféns, segundo informações repassadas pelos próprios rebelados para a polícia. Cinco detentos do seguro - ala onde ficam detidos os presos por crimes sexuais - estariam neste grupo. Não há informação de agentes feridos. Até o momento, não havia sido divulgada uma lista de reivindicações. No entanto, a informação é de que os detentos reclamam da administração da unidade, da comida servida no local, da superlotação e de maus tratos.

O presídio está com mais de 1,2 mil presos em um espaço que comporta apenas 928. Há um ano, a Vara de Execuções Penais confirmou ao Jornal de Londrina que a unidade já estava operando acima da capacidade – em setembro de 2014 eram 1.150 presos na PEL II.

Autoridades da área de segurança pública seguem reunidas na PEL negociando com os presos rebelados. Segundo o Departamento de Execução Penal (Depen), a negociação foi iniciada por volta das 14 horas. O diretor geral do órgão, Luiz Alberto Cartaxo Moura e o juiz da Vara de Execuções Penais (VEP) de Londrina, Katsujo Nakadomari, estão no local acompanhando o diálogo, liderado por um grupo de negociadores da Polícia Militar.

Extraoficialmente, a informação é de que as 30 alas da penitenciária estão dominadas pelos detentos. Apesar de alguns presos exibirem coletes e uniformes usados por agentes do Depen, o órgão assegurou que não há funcionários da unidade entre os reféns.

Movimentação

A rebelião começou por volta das 10h40, no momento em que familiares dos presos se preparavam para a visita. Os detentos começaram a tomar o presídio pela ala 21 e na sequência todos os outros espaços foram invadidos.

Unidade não era alvo de reclamações, diz OAB

Representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Pastoral Carcerária, do Centro de Direitos Humanos (CDH) e da Câmara de Vereadores de Londrina foram autorizados a entrar na Penitenciária Estadual de Londrina (PEL 2) para acompanhar e participar das negociações com os detentos.

Antes de entrar na PEL 2, o coordenador da Comissão de Direitos Humanos da OAB, advogado Paulo Magno, declarou que as entidades que lidam com a questão penitenciária de Londrina consideraram “uma completa surpresa” a rebelião na PEL 2.

Segundo ele, a OAB nunca recebeu pedidos nem reivindicações de presos ou familiares deles sobre questões como superlotação, qualidade da comida ou acesso à água. “A PEL 2 é considerada uma unidade relativamente tranquila. Nem se compara ao que acontece dentro dos distritos policiais superlotados de Londrina”, afirmou o advogado.

A PEL 2 abriga apenas presos condenados: tem 928 vagas e estaria com 1.150 detentos. “Realmente, não sabemos os motivos do movimento”. O advogado afirmou que entidades como a Pastoral Carcerária e o Centro de Direitos Humanos (CDH) também não receberam reclamações sobre maus tratos aos presos.

“Tragédia anunciada”

A vereadora Lenir de Assis (PT), integrante da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores, aponta que a rebelião “é tragédia anunciada”. Segundo ela, superlotação, falta de assistência jurídica para os presos e a ausência geral de condições estariam entre os motivos da revolta.

“Há tempos a Secretaria de Segurança Pública do Paraná sabe que a próxima unidade que poderia enfrentar uma rebelião era a PEL. Em todas as demais penitenciárias do Paraná já aconteceu”, afirmou a vereadora.

Vanessa Gabriela, 30, mulher de um dos detentos da PEL 2, afirmou que maus tratos estariam entre os motivos da revolta. “(Os agentes) não deixam entrar a comida que a gente leva, tiram tudo, comem. A visita íntima é de no máximo 20 minutos, nem isso. Se a gente não sai eles batem na porta e deixam o preso de castigo 30 dias sem visita”, afirmou ela.

Perto do meio-dia aumentou a movimentação da PM ao redor da PEL II. Do alto do telhado, alguns presos encapuzados e armados davam sinais de que a penitenciária estava sob controle dos detentos e usavam celulares para se comunicar. Reféns eram mantidos com as mãos amarradas e sendo ameaçados com facas. Um deles foi deitado no telhado e levou chutes e socos. Inicialmente, foi divulgada a informação de que os rebelados jogaram outros presos do telhado, o que foi desmentido pela polícia posteriormente.

Segundo a PM, dois detentos que estavam na ala do seguro ficaram feridos ao se jogarem de uma área, na tentativa de fugir dos outros presos. A dupla foi resgatada por uma equipe do Siate e sofreu ferimentos nas pernas e coluna.

Enquanto agrediam os reféns, alguns dos presos se abraçavam e pareciam comemorar a situação. Outros detentos em rebelião falavam ao celular enquanto estendiam uma faixa sobre o telhado: no tecido, a inscrição de uma facção criminosa. Pedaços de ferro e madeira também foram utilizados para ameaçar os reféns e quebrar as telhas da PEL II.

Em um dos pontos da penitenciária, detentos em rebelião quebraram todos os vidros de uma das guaritas de vigilância. Em outro, uma grande quantidade de fumaça preta era vista saindo das janelas, o que indicava que colchões podem ter sido incendiados.

Clima tenso

Por volta das 20h30, chegou ao local uma equipe do Batalhão de Operações Especiais (Bope) de Curitiba. Eles contam com apoio do Pelotão de Choque da PM, veículos e motos da Rone. Um helicóptero do Graer também dava apoio à polícia.

A Rodovia João Alves da Rocha Loures, onde fica a PEL II, está parcialmente bloqueada. Familiares e imprensa são mantidos a pelo menos 400 metros de distância da penitenciária. Energia elétrica e água da PEL II foram cortados.

Nenhum agente do Depen está entre os reféns, assegura governo

O diretor geral do Departamento Penitenciário (Depen), Luiz Alberto Cartaxo Moura, deve chegar a Londrina na tarde desta terça-feira (6) para acompanhar a rebelião na PEL 2.

Segundo a assessoria do Depen, a presença do chefe da divisão da Secretaria de Segurança Pública é praxe em rebeliões.

O órgão afirmou que uma negociação oficial com os detentos foi iniciada perto das 14 horas. O juiz da Vara de Execuções Penais (VEP), Katsujo Nakadomari, também foi chamado para acompanhar o diálogo com os criminosos rebelados, liderado por um grupo de negociadores da Polícia Militar.

Apesar de alguns presos exibirem coletes e uniformes usados por agentes do Depen, o órgão assegura que não há funcionários da unidade entre os reféns. O estado de saúde deles é desconhecido. O Depen também não soube informar quem são e se, de fato, seriam presos que ficam na ala conhecida como “seguro”, reservada para estupradores, assassinos e abusadores de crianças e adolescentes.

Até agora, a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária, responsável pela PEL 2, não sabe formalmente quais são as reivindicações dos grupos, nem quais áreas da unidade estão dominadas. Extraoficialmente, a informação é que as 30 alas da penitenciária estão dominadas pelos detentos

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