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Segurança

Grades no lugar de muros

Ao invés de cercas elétricas e câmeras, soluções mais simples e baratas, como colocar grades nas janelas, são medidas indicadas para a segurança dos idosos. As grades impedem a passagem para o interior da residência. Os muros muito altos, por sua vez, são desaconselhados. "O muro impede que você tenha uma visão da rua e identifique quem se aproxima da residência. Além disso, o bandido adora muro alto, porque ele impede que o vizinho ou quem passa pela rua note a sua presença", diz o coronel da Polícia Militar Roberson Bondaruk. Também é importante identificar quais as áreas vulneráveis dentro de casa e providenciar melhorias.

Na Cartilha de Segurança para Pessoas Idosas, Bondaruk dá conselhos de como se prevenir: e o que parece óbvio, pode passar despercebido pelos idosos que têm problemas de concentração ou memória. É importante verificar, por exemplo, quantas vezes for necessário se as janelas e portas estão bem fechadas. Além disso, não é aconselhável deixar a chave na fechadura, principalmente se ela está próxima a uma janela, porque o ladrão pode quebrar o vidro e alcançar a chave.

Se é preciso contratar um serviço, é importante pedir referências a vizinhos e parentes e limitar o acesso do profissional ao lugar onde ele deve realizar o trabalho. Ao fazer o pagamento, não se deve tirar a carteira na frente da pessoa. Antes é imprescindível consultar o preço do mercado e não pagar menos, para evitar desavenças, nem mais, para não passar a impressão de ter muito dinheiro.

Atrás das grades da janela de casa, a moradora do bairro São Francisco Líbera Carneiro, de 83 anos, leva uma vida independente. Está feliz porque assim não atrapalha os filhos, vive apenas com a ajuda de uma enfermeira. Mas a escolha de viver sozinha também tem ajudado a deixar Líbera cada vez mais preocupada: idosos solitários costumam ser um dos alvos prediletos de bandidos. Ela teve a casa invadida em janeiro de 2007 e, em 2008, soube que sua vizinha foi assassinada por assaltantes. "Na minha casa eles entraram de madrugada, enquanto eu e a enfermeira dormíamos. Quando ele percebeu que nós notamos a presença dele, se escondeu debaixo da mesa. Não chegou a nos fazer mal, mas disse que se a gente gritasse ou não abrisse a porta para ele ir embora, ele iria virar o bicho", diz.

Já a vizinha dela, a artista plástica Irene Polek, foi morta por três homens que invadiram a casa pelo telhado. "Aqui tem muitos andarilhos e viciados em drogas e há muitos idosos. É perigoso. Quem vive a nossa situação sabe que não é fácil", lamenta Líbera. A proteção da casa teve de ser intensificada e hoje Líbera se vê "presa" diante da própria liberdade, já que teve de identificar possíveis áreas vulneráveis no imóvel e providenciar melhoria na segurança.

As medidas de proteção à terceira idade são estudadas e estão na Car­­tilha de Segurança para Pessoas Ido­­sas, de autoria do coronel Ro­­berson Bondaruk, da Polícia Mili­­tar (veja mais nesta página). Em um levantamento feito pelo coronel, os assaltos a residências acontecem na maioria das vezes en­­quanto eles estão fora de casa, re­­sultando apenas em perdas ma­­te­­riais e financeiras. Em alguns ca­­sos, porém, o desfecho pode ser mais trágico, com agressão e até morte.

Hábitos

São os hábitos dos idosos que chamam facilmente a atenção dos cri­­minosos, por isso eles viram um al­­vo fácil. Segundo a coordenadora do Centro de Apoio às Promo­­to­­rias de Proteção aos Direitos do Ido­­so do Ministério Público do Pa­­ra­­ná, Rosana Bevervanço, eles costumam portar joias, guardar di­­nhei­­ro em casa, apresentar menor resistência à abordagem de estranhos e recolher andarilhos em ca­­sa – esse último, o mais perigoso deles. "São pessoas que naturalmente têm uma cultura solidária e religiosa mais forte, o que faz com que muita gente se aproveite disso", lamenta. Um dos casos emblemáticos foi o da dona de casa Iracy Sass Dineff, 91 anos, estuprada e morta em março deste ano por um an­­darilho que costumava frequen­­tar sua casa em busca de comida.

Outras duas atitudes são a falta de comunicação com vizinhos e de entrosamento com parentes. A primeira parte do próprio idoso, que tende a se fechar dentro de casa e a evitar contatos com a vizinhança, acreditando que isso trará mais se­­gurança. De acordo com Bonda­­ruk, a ação tem efeito contrário: "Se o bandido percebe que o idoso conversa com o vizinho, que eles se comunicam e que o vizinho pode reconhecer qualquer movimentação estranha, dificilmente ele se arriscará a invadir aquela residência".

A falta de união e de cuidados por parte de familiares também pas­­sa um recado para os mal in­­ten­­cionados. Como o idoso nunca recebe visitas, é provável que ele não tenha quem se preocupe com ele, logo, não há a quem re­­correr, ou ainda, ninguém vai apa­­recer de repente para se certificar de que tudo está bem. A sen­­sação de abandono também pode fazer com que o idoso fique mais suscetível a receber pessoas estranhas dentro do domicílio, que podem passar informações a terceiros e planejar invasões. "A ausência da família é sempre prejudicial. Embora o idoso se identifique com o bairro, com a casa onde morou grande parte da vida, ele sempre vai estar vulnerável", diz Rosana.

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