Fórum realizado ontem, na Gazeta: presença de autoridades da prefeitura, do estado e de líderes comunitários de Curitiba| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Apenas um preso

Até o fechamento desta edição, a polícia paranaense havia prendido apenas um suspeito de participação na chacina do Uberaba. No entanto, a Delegacia de Homicídios, encarregada do caso, afirma que já identificou seis pessoas suspeitas.

Ontem, no fim da tarde, a Polícia Civil saiu em busca de suspeitos e, segundo apurou a Gazeta do Povo, deve anunciar novas prisões relacionadas ao caso ainda hoje.

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Brasil reforça cooperação com Paraguai

O governo brasileiro tentará uma política de cooperação com o Paraguai para impedir que armas contrabandeadas entrem em território nacional pela fronteira entre os dois países. Hoje, quadrilhas que comandam o tráfico de drogas nas principais metrópoles brasileiras, São Paulo e Rio de Janeiro, estariam se abastecendo de armamento pesado por meio de contatos no país vizinho.

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Marcas de balas em bar do Jardim União, no Uberaba, onde ocorreu chacina no último sábado: oito mortes e apenas um preso até o momento
Leonir Batistti: Bibinho é suspeito de destruir provas.
Francischini: até castração química para pedófilos o candidato defende.
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Prender os autores da chacina que deixou oito pessoas mortas no último sábado no bairro Uberaba, em Curitiba, é fundamental para dar uma satisfação à sociedade e uma resposta ao crime organizado. A elucidação do crime não só é necessária para que a comunidade do Bolsão Audi-União retome a tranquilidade, como é um meio de evitar que a impunidade sirva de incentivo a criminosos que atuam em outras regiões da cidade.

A urgência na resolução da chacina foi uma das principais conclusões do Fórum de Segu­rança Pública da Gazeta do Povo, realizado ontem, com a presença de autoridades, lideranças comunitárias e jornalistas da Gazeta do Povo e da RPCTV. No evento, além da discussão sobre as possíveis causas da chacina e seus impactos sobre o Uberaba, foram abordados aspectos comuns aos diversos bairros da cidade, como os problemas decorrentes do tráfico de drogas e as medidas tomadas pelo poder público e pela própria comunidade no enfrentamento da violência.

"A Cidade Industrial conta com uma população diária de 280 mil pessoas, entre moradores e pessoas que trabalham ali. Temos muitos problemas ainda, mas a interação dos moradores com o poder público tem ajudado a diminuir os índices de violência em várias vilas da CIC", disse o presidente do Conselho de Segurança (Conseg) do bairro, Walter César.

De forma geral, os participantes do Fórum concordaram quanto à importância da mobilização da sociedade como antídoto ao crescimento da violência. "A polícia precisa de um conselho de segurança. Ninguém conhece melhor os problemas de um bairro que a própria comunidade que mora nesse bairro", afirmou o coordenador dos Consegs na Secretaria de Estado da Segurança, Júnior Émerson Zarur.

Para os participantes, quanto maior a participação popular nas questões de interesse da comunidade, menos espaço sobra para que o crime se organize. E isso ocorre com questões pequenas. "É levar o filho à escola, participar da reunião de pais e mestres, pedir melhorias de iluminação, limpar um terreno baldio", lembrou Walter.

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As lideranças afirmam que o poder público em suas três esferas tem se esforçado para cumprir seu papel, mas ainda existem muitos problemas. A corrupção e a violência policial são os fatores que mais trazem preocupação para a população. "Há a corrupção policial que vive do tráfico de drogas na vila, que protege o jogo do bicho, que protege a casa do bingo, delegacias que cobram o pedágio", disse José Augusto Soavinski, do Conseg do Bacacheri.

Segundo ele, setores da Polícia Militar também têm criminalizado a periferia, executando suspeitos sem necessidade. "A periferia está nervosa. A polícia não tem o poder de matar, tem o poder de prender e o juiz, de julgar."

Denúncia

O promotor Leonir Batisti, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-PR), responsável pelo controle externo da atividade policial, diz que existe um contato com as comunidades, mas as denúncias precisam ser melhor estruturadas. "Dizer que tem caixinha, que tem propina, tudo bem. Mas é preciso nos passar algo mais consistente. Uma placa, o número de uma viatura. Nós sabemos que existe corrupção, sabemos que existem casos de abuso, mas precisamos chegar ao Judiciário com provas."

Estrutural

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No Fórum, também foi destacado o aspecto social da violência. Júnior lembra que a polícia entra em cena quando todo o mais falhou. "Todas as falhas na educação, na saúde, na geração de emprego e na estruturação da família desembocam na segurança pública," ressaltou.

O secretário municipal Anti­drogas, Fernando Francischini, lembrou que a criminalidade e o tráfico de drogas em Curitiba e região metropolitana é uma decorrência da mudança de eixo do tráfico internacional. "Saiu do Norte do país e veio para o Lago de Itaipu. E da passagem do Paraguai até contêineres ou aeroportos o crime organizado vai deixando um rastro. Essa droga vai se diluindo pelo caminho e o dinheiro sujo também", disse.

Para o diretor de Redação da Gazeta do Povo, Nelson Souza Filho, a iniciativa de reunir lideranças comunitárias e autoridades objetivou aprofundar a discussão em torno do agravamento da criminalidade na capital paranaense. "Fato como o ocorrido no bolsão Audi-União demonstra claramente que alguma coisa precisa ser feita com a máxima urgência, para evitar que a situação saia totalmente do controle. A sociedade curitibana precisa ser ouvida e defendida diante da escalada do banditismo que tem no tráfico de drogas o fator hoje mais grave", afirmou.

Nota:

O secretário de Segurança Pública, Luiz Fernando Delazari, e o comandante do Policiamento da Capital, major Jorge Costa Filho, foram convidados a participar do evento. A assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança afirmou que Delazari tinha outros compromissos marcados. A assessoria de imprensa da PM afirmou que o coronel não poderia participar do evento.

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