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As ações de traficantes de drogas, armas, munição e contrabando fizeram praticamente dobrar, nos últimos três anos, o número de flagrantes abertos pela Procuradoria da República em Umuarama (PR). Em 2007, houve 130 processos criminais, sendo 115 de Guaíra, local da chacina ocorrida anteontem que deixou 15 mortos e 8 feridos - na terça-feira (23), uma das vítimas ainda permanecia internada, em estado grave. Mas a escalada da violência na fronteira não foi suficiente para a União atender ao pedido da Procuradoria para aumentar o efetivo de segurança no entorno da cidade paranaense, considerada uma das principais rotas do tráfico de drogas e do contrabando de cigarros via Paraguai.

"Na visão do Ministério Público Federal, a União abandonou as fronteiras. Faltam policiais rodoviários, federais e fiscais da Receita Federal. Isso não é um problema só de Guaíra, mas de todas as regiões de fronteira", afirma o procurador da República em Umuarama, Robson Martins, autor da ação de fevereiro que solicitava a contratação de mais agentes.

O juiz Jail Benites de Azambuja acatou a justificativa de Brasília. Na sua sentença consta que o "aumento de pessoal resultaria num rombo do orçamento federal". Procurado na terça-feira, Azambuja preferiu não comentar o caso. A Procuradoria entrou com recurso no 4º Tribunal Regional Federal, em Porto Alegre (RS). "É lastimável essa decisão diante dos flagrantes de tráfico de drogas, armas e contrabando na fronteira", frisou Martins.

Atualmente a Receita Federal, que é subordinada à Delegacia de Foz do Iguaçu, tem apenas cinco fiscais na região de Guaíra e a Delegacia da Polícia Federal tem 20 agentes, mas nem todos atuam na repressão ao crime organizado. O único posto da Polícia Rodoviária Federal em funcionamento na Ponte Ayrton Senna, que divide os Estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, foi instalado graças a uma liminar obtida pela Procuradoria da República em Umuarama. Ao todo há 14 policiais que se revezam para fiscalizar o trânsito no trecho da BR-163 entre Guaíra e Mundo Novo (MS).

Além do incremento das forças federais de segurança, a Procuradoria já protocolou no Tribunal Regional Federal quatro pedidos para a instalação de Vara Federal e Procuradoria da República em Guaíra, para dar conta de processos criminais em curso. Atualmente, as ações originárias da cidade paranaense são remetidas à Procuradoria de Umuarama, que fica a 120 quilômetros da fronteira. Na base da Receita, os processos vão para Foz.

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