Os rumos da greve dos professores do Paraná serão definidos nesta terça-feira (5) em assembleia marcada em Curitiba. A paralisação completa uma semana nesta segunda-feira (4). Governo do Estado e sindicato dos educadores aguardam a deliberação dos servidores sobre o fim ou a permanência da greve para discutir como será o calendário escolar de 2015, já afetado com a paralisação anterior, que durou 29 dias. A assembleia será realizada às 14h30, no estádio da Vila Capanema, e são aguardados servidores de todas as regiões do Estado.
De acordo com Luiz Fernando Rodrigues, diretor de Comunicação da APP, o sindicato que representa os professores, os diretores estão sendo pressionados pelo governo estadual a registrar a ausência dos professores. “O problema é que, se os diretores lançarem as faltas, haverá o desconto no salário e os professores não são obrigados a fazer reposição de aulas. O maior prejudicado é o aluno”, diz.
Na semana passada, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), afirmou que os professores terão desconto salarial nos dias de greve. O Executivo se apega a uma liminar assinada no último dia 27 pelo desembargador Luiz Mateus de Lima, do Tribunal de Justiça do Estado. Em seu despacho, ele determina o retorno dos professores às salas de aula sob pena de multa diária, no valor de R$ 40 mil, ao sindicato. O magistrado também define uma multa diária de R$ 500 ao próprio presidente do sindicato, Hermes Silva Leão. O sindicato deve protocolar recurso contra a decisão nas próximas horas.
A reportagem solicitou na manhã desta segunda-feira (4) uma entrevista com o secretário de Educação, Fernando Xavier Ferreira, e aguarda retorno. Na semana passada, de acordo com informações da assessoria de imprensa da Secretaria de Educação, Ferreira disse que não era possível definir como será feita a reposição das aulas, pois isso dependeria da duração do movimento dos educadores. Ainda de acordo com a assessoria de imprensa, o secretário avalia que o calendário escolar sofrerá “danos irreparáveis”. “A greve anterior já prejudicou muito o calendário escolar. Os jovens, principalmente aqueles que estão concluindo agora o ensino médio, podem ser prejudicados de uma maneira muito difícil de sanar. Sem dúvida os mais afetados são os estudantes que farão o Enem e vestibular”, afirmou ele.
A greve foi retomada no último dia 27 e ao longo da semana os professores acompanharam do lado de fora da Assembleia Legislativa a votação do projeto de lei que modifica o fundo de previdência dos servidores do Estado. O dia mais emblemático do movimento grevista ocorreu na quarta-feira, quando cerca de 200 manifestantes ficaram feridos depois da repressão da Polícia Militar, que utilizou balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio. O caso, que ganhou repercussão internacional, foi duramente criticado por dezenas de entidades e a violência empregada gerou a abertura de uma investigação no Ministério Público do Paraná.
O projeto de lei foi sancionado pelo governador do Estado na quinta-feira, a despeito de um parecer do Ministério da Previdência, que ainda não opinou sobre as modificações propostas pelo Executivo estadual.
O sindicato dos professores estuda pedir a anulação da lei sancionada ou a suspensão da sessão do Legislativo que resultou na aprovação do projeto de lei.
Embora a previdência seja a justificativa principal da greve dos professores, a categoria também lembra que reajustes salariais devem ser discutidos neste mês. A data-base da categoria é o 1º de maio. “O governo estadual ainda não deu qualquer sinalização sobre qual proposta de reajuste irá fazer para a categoria. Acho que isso pode influenciar na decisão da assembleia amanhã”, antecipa Rodrigues.
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