- OAB-PR emite nota contra "pacotaço" do governo do Paraná
- Veja fotos da votação do "pacotaço" na Assembleia
- Após "tratoraço", manifestantes invadem a Assembleia
- Após invasão da Assembleia, sessão de votação do "pacotaço" é suspensa
- Manifestantes invadem a Assembleia e votação do "pacotaço" é suspensa
- Regime de comissão geral foi questionado pela oposição
- "Pacotaço" faz governo sofrer baixas na base
Centenas de professores e funcionários da rede estadual de ensino, que ontem ocuparam a Assembleia Legislativa (Alep), prometem permanecer no prédio até que o "pacotaço" enviado à Casa pelo governador Beto Richa (PSDB) seja retirado. O projeto que corta benefícios conquistados há décadas pelos servidores seria apreciado ontem, mas a votação foi adiada depois da invasão. Enquanto isso, os educadores continuam com a greve, que entra no terceiro dia, afetando mais de 950 mil alunos em todo o Paraná.
"Nós não vamos sair [da Alep]. Vamos ficar até que o governo desista do 'pacotaço'. Ficaremos por um dia, dois dias... pelo tempo que for necessário", garantiu Hermes Leão, presidente da APP-Sindicato, que representa os educadores estaduais.
A invasão ocorreu às 18 horas, assim que a Assembleia aprovou a formação de uma comissão geral manobra conhecida como "tratoraço", que permite que os projetos sejam votados à toque de caixa, sem passar pelas comissões. Manifestantes que estavam de fora do prédio conseguiram derrubar um dos portões. O cordão de isolamento formado por policiais militares não foi capaz de conter a multidão, que ocupou o plenário a gritos de "vergonha, vergonha" e "fora, Beto Richa".
Assim que foi informado da invasão, o presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSDB), suspendeu a sessão. Os parlamentares deixaram o plenário às pressas e se refugiaram em uma sala anexa. Posteriormente, cada um foi escoltado ao seu respectivo gabinete. Enquanto isso, inflamados, os manifestantes cantavam o hino nacional e exibiam cartazes com palavras de ordem, como "Beto Caloteiro". Todas as galerias e a rampa de acesso também foram ocupadas. Diante da pressão, Traiano adiou a votação do "pacotaço".
A ocupação chegou a ser transmitida ao vivo pela TV Sinal, canal oficial da Assembleia Legislativa, mas a cobertura foi interrompida às 18h19, porque, segundo a assessoria da casa, as câmeras foram danificadas pelos manifestantes. Os invasores também picotaram cópias do "pacotaço", que estavam sobre a mesa de deputados, e quebraram a porta de acesso à Sala de Imprensa.
Sem aulas
O barulho diante da Assembleia havia começado logo cedo. Cem ônibus trouxeram educadores de diversas regiões do estado para engrossar a manifestação. Segundo a APP-Sindicato, o ato chegou a reunir 15 mil pessoas. Enquanto protestavam, escolas estaduais ficavam vazias pelo segundo dia consecutivo. O sindicato afirma que a greve conseguiu adesão de 100% e que nenhum dos 2,1 mil colégios abriu as portas. A Secretaria de Estado da Educação diz que 20% das escolas funcionaram, apesar da paralisação.
Ainda que o "pacotaço" venha a ser aprovado, a categoria promete se manter em greve, até que o governo recue em outras medidas como o corte de funcionários e de professores temporários. "Nossa luta é contra o descaso com a educação. Hoje, as escolas não têm mínimas condições de funcionar", afirmou Leão.
Outro grupo acampa na frente da prefeitura
Rodrigo Batista e Felippe Aníbal
Manifestantes ligados à Frente de Luta Pelo Transporte promoveram ontem à noite um ato em frente da prefeitura de Curitiba. O grupo garantia que iria permanecer em acampamento e passar a noite em frente ao prédio, no Centro Cívico. Até as 21 horas, quatro barracas haviam sido armadas no local. O número de manifestantes chegou a 150 pessoas, segundo os organizadores do ato, mas, com o avanço da noite, parte das pessoas deixou o local.
O ato faz parte da terceira manifestação contra o aumento na passagem de ônibus em Curitiba, que subiu de R$ 2,85 para R$ 3,30 (R$ 3,15 para pagamento em cartão-transporte).
Segundo Clarissa Viana, uma das integrantes da Frente, o objetivo é esperar uma resposta da prefeitura sobre a redução no valor da tarifa. "Nosso objetivo não é o enfrentamento com a Guarda Municipal, mas queremos ser recebidos pelo prefeito."
A Frente defende a redução da tarifa do transporte coletivo para R$ 2,85 e o congelamento da passagem neste valor. No início do ato em frente à prefeitura, cerca de dez guardas municipais estavam na entrada do prédio, mas, após cerca de 1h30, um reforço foi chamado e outros guardas entraram no prédio. Entretanto, o clima no local era pacífico.
A assessoria de imprensa do prefeito Gustavo Fruet (PDT) informou que não havia recebido nenhum pedido oficial de audiência e, portanto, ontem eles não seriam recebidos. Os manifestantes reconheceram que não apresentaram nenhuma solicitação normal, o que deve ser feito hoje. "Mas acreditamos que, o mínimo que o prefeito poderia fazer é nos receber e nos ouvir", acrescentou Clarissa.