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Projeto-piloto

Projeto monitora caçambas e destinação de lixo de obra em Curitiba

 | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
(Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

Para tentar monitorar onde estão as quase duas mil caçambas existentes em Curitiba e, principalmente, saber para onde foram levados os resíduos depositados nelas, começou a funcionar há uma semana um projeto-piloto chamado Coletas Online, que acompanha a operação das caçambas. A ideia já é praticada em outras 15 cidades do país. A título de teste, o sistema funcionará gratuitamente por 30 dias e apenas envolvendo as caçambas de três empresas.

A sugestão de adotar o Coletas Online partiu do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Paraná (Sinduscon-PR). Segundo a entidade, cerca de 50% de todo o resíduo produzido no Brasil vem da construção civil. Em Curitiba, de todo o montante gerado por essa modalidade, apenas 25% vem de grandes geradores. O restante tem origem nas obras informais, de controle limitado.

De acordo com o Sinduscon-PR, a maioria dos materiais se mistura e se perde na destinação – sem contar o descontrole da operação das caçambas. “A tentativa de monitoramento vai diminuir a ilegalidade e dar destinação correta aos resíduos produzidos pela construção civil”, indica Ivanor Fantin Júnior, assessor técnico de engenharia do Sindicato. Segundo ele, menos de 20% de todo o resíduo gerado na cidade ganha a destinação adequada. Ou seja, a cidade “perde” 80% do material que poderia ser reaproveitado ou ao menos depositado no local adequado, para não poluir o meio ambiente ou entulhar o aterro de lixo convencional.

“Quando não há controle, ou é limitado, a destinação desses resíduos acontece em parques, praças e até mesmo em ruas movimentadas. O projeto Coletas Online permite dois ganhos importantes para a cidade: a destinação correta desses materiais gerará um ciclo mais sustentável; e o despacho controlado impedirá que tratores, caminhões e funcionários da Prefeitura se desloquem para fazer a limpeza de áreas que recebem entulho ilegal”, afirma o secretário do Meio Ambiente de Curitiba, Renato Lima.

Ivanor Fantin Júnior lembra também que caçambas irregulares atrapalham o trânsito e os pedestres, principalmente na região central da cidade, retirando inclusive o espaço de arrecadação do sistema EstaR. “O objetivo do programa é rastrear todo o material, da coleta ao transporte, do trânsito à destinação ambiental. A ideia é controlar todos os pedidos da cidade”, afirma Márcio de Souza, da comissão de novas tecnologias do Setran.

Programa

O programa foi desenvolvido pela empresa CSJ Sistemas, de São José dos Campos, e é adotado em duas outras capitais (Fortaleza e São Paulo) e em outras 13 cidades. De acordo com Jesus Ângelo, diretor geral da CSJ, o monitoramento começa quando um gerador de resíduo aciona um transportador credenciado e solicita uma caçamba ou um veículo para a remoção do entulho. O transportador gera um registro eletrônico – um ponto georreferenciado no mapa da cidade. Isso permite que agentes de fiscalização possam inspecionar cada caçamba e também a destinação. Durante o processo, as informações ficam disponíveis para todas as partes envolvidas, inclusive para os geradores.

Quando o transportador retira o resíduo do local de origem, ele indica onde será o descarte – que deve ser uma usina licenciada. O sistema monitora a movimentação dos resíduos, os locais onde foram colocados, o tempo de permanência das caçambas das ruas, respeito às determinações legais da cidade, e o tipo de material coletado, separando a entrega às empresas da área de transbordo e triagem, de reciclagem ou o envio para aterros. Em Curitiba, o processo de recolhimento e destinação de materiais da construção civil envolve as secretarias municipais de Meio Ambiente, de Urbanismo e de Trânsito.

“Os ganhos ambientais são sentidos rapidamente, pois a conscientização de monitoramento leva todos os envolvidos a se adequarem. Reduzem-se drasticamente os descartes irregulares, o que gera redução de gastos municipais com a limpeza dos pontos viciados, além de possibilitar ao município o reaproveitamento dos resíduos processados, e, consequentemente, redução de custo nas obras públicas com a substituição por uma matéria prima mais barata”, afirma Jesus Ângelo. Ele cita o exemplo de Jundaí, no interior de São Paulo, onde o sistema opera há três anos. De 35 caçambas de resíduos movimentadas por dia à época, a média saltou para 245/dia, ou seja, havia um “desvio” de 210 caçambas na cidade.

Colaborou Katia Brembatti

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