Existem aproximadamente 450 mil cães em Curitiba. A estimativa, usada pelo Departamento de Pesquisa e Conservação de Fauna da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), cresce aceleradamente em grande parte por causa dos animais abandonados que, sem supervisão de um dono, reproduzem-se descontroladamente. Com isso, surgem problemas tanto para os animais, sujeitos à subnutrição, quanto para as pessoas, que podem se tornar vítimas de ataques.
Para impedir esse quadro, um projeto viabilizado pela parceria entre a SMMA e a Fundação de Ação Social (FAS) busca disseminar a prática da castração em famílias de comunidades carentes. A iniciativa pretende castrar 6 mil cães em um ano, no período entre julho deste ano e julho do ano que vem.
O trabalho é focado nos 45 Centros de Referência da Assistência Social (CRASs) espalhados pela cidade. Desde o mês passado, os moradores das regiões podem ir até a unidade mais próxima e fazer o cadastro de seu animal. "Determina-se uma data para que agentes da SMMA se desloquem até o CRAS para fazerem a vacinação, a instalação de um microchip e um exame clínico nos cães, tudo gratuitamente", explica a Diretora de Proteção Social Básica da FAS, Ana Luiza Gonçalves.
Em seguida, seria escolhida uma nova data para que um ônibus apelidado de "InterCão" fosse aos CRASs, buscasse os animais e os levasse a uma das três clínicas habilitadas para fazer a castração dos bichos sem custo algum. "Essa medida é benéfica às famílias, que têm a oportunidade de fazer um serviço que é muito caro sem precisar pagar por nada", comenta Ana Luiza o preço do procedimento varia de acordo com a clínica, podendo chegar até mil reais. "Não é um mutirão de castração, mas uma tentativa de fazer com que os moradores se conscientizem e disseminem essa prática", destaca o diretor do Departamento de Pesquisa e Conservação de Fauna da SMMA, Alexander Biondo
O problema, no entanto, é que apenas o primeiro passo está sendo colocado em prática. "A Urbs ficou de nos ceder um ônibus que adaptaríamos, retirando as cadeiras e incluindo equipamentos como prateleiras e gaiolas", conta o diretor. Segundo a assessoria de imprensa da Urbs, a cessão do veículo vai acontecer, mas ainda não há previsão para a entrega. "Enquanto isso, trabalhamos com o que temos para melhorar a situação dos animais", comenta Biondo.
Boa iniciativa
O presidente da Associação do Amigo Animal, Marcelo Misga, aprova o projeto, mas é cauteloso. "Ainda que tardio, esse seria o melhor caminho a ser adotado pela prefeitura na questão da proteção animal. Se todos os pontos da iniciativa se cumprirem, isso traria os resultados pelos quais as ONGs e protetoras vêm lutando há anos", diz.
Para ele, uma campanha como essa pode ajudar a combater até o mito de que a castração é prejudicial ao animal. "Não há outro caminho para solucionar o problema do aumento da população que não seja a castração e a guarda responsável", diz. Misga faz, ainda, uma sugestão. "Além de fornecer o procedimento às comunidades da periferia, seria interessante fazer palestras educativas e que as conscientizem", comenta.
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