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TRANSPORTE COLETIVO DE CURITIBA

Proposta em discussão prevê fim dos “ônibus velhos” em Curitiba apenas em 2018

Atualmente, mais de 180  ônibus circulam com idade além do limite estabelecido por contrato | Hugo Harada/Gazeta do Povo
Atualmente, mais de 180 ônibus circulam com idade além do limite estabelecido por contrato (Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo)

Mesmo aprovado, um acordo discutido entre Urbs e empresas de ônibus que operam em Curitiba resultaria em, no mínimo, mais três anos de circulação de coletivos com mais de dez anos de uso pelas ruas da capital. A proposta, debatida entre as partes durante uma reunião na terça-feira (13) na sede do Ministério Público do Paraná (MP), pode resultar na retomada da compra de veículos para renovação da frota vencida do transporte coletivo. A aquisição está suspensa desde 2013.

Atualmente, 183 veículos com mais de dez anos de uso circulam na cidade e outros 127 devem ultrapassar a idade máxima estabelecida em contrato até o final de 2016.

A proposta de conciliação era discutida pelas partes até a prefeitura decidir impôr, unilateralmente, uma tarifa técnica de R$ 3,21 (9% a mais do que o valor anterior). A negociação que fracassou resultaria em um valor um pouco maior a favor dos empresários: R$ 3,40 por passageiro transportado. Mas, em compensação, a cidade voltaria a ver cumprido o item contratual que garante veículos com até dez anos de uso no transporte público.

Na terça, empresários e representantes da Urbs participaram da reunião com o promotor Odoné Serrano Júnior para ouvir os pareceres da equipe da Promotoria de Habitação e Urbanismo do MP. A Gazeta do Povo foi convidada a participar do encontro como ouvinte. A fim de mediar o conflito entre as partes, o órgão faz uma devassa no contrato de concessão do transporte público desde janeiro do ano passado.

Pelo acordo novamente em discussão, o calendário da renovação seria definido em até 120 dias. E toda a frota já vencida e a que vai vencer seria renovada até o final de 2018. Nenhuma das partes deu detalhes desse cronograma para renovação, mas o promotor falou que haveria preferência na reposição a veículos expressos, como os biarticulados.

Durante o encontro, os representantes do MP ressaltaram as consequências da não renovação da frota para o contrato. Em todas elas há custos envolvidos, inclusive com a possibilidade de mais gastos com manutenção e menos repasses às empresas – já que elas já não estão recebendo a amortização da frota não renovada. Quando da divulgação da tarifa técnica em R$ 3,21, a prefeitura enfatizou que o valor continha um desconto pela não renovação da frota com uso acima do tempo estipulado em contrato. Cálculos apresentados pelos técnicos do Ministério Público mostram que esse desconto é de R$ 1,090 milhão ao mês para 150 veículos. Ou seja, quanto mais ônibus velho nas ruas, menor a remuneração das empresas.

O que as partes disseram

Logo após a reunião, Roberto Gregório, presidente da Urbs, reafirmou o desejo da empresa em pacificar o setor, afirmando que deverá “se reunir com os empresários nos próximos dias para levar ao Ministério Público uma nova proposta de acordo”. O novo encontro está pré-agendado para o dia 30 de outubro. Gregório reafirmou que a prefeitura fará de tudo para que Curitiba volte a ter novos ônibus a partir do primeiro semestre de 2016. Ele não descartou, inclusive, a opção de estatização da frota vencida.

Por meio do advogado Romeu Bacellar, o Sindicato das Empresas de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) questionou o “poder de fogo” da prefeitura. “Causa-me estranhamento que uma administração com verbas atrasadas em setores como a coleta de lixo cogite a possibilidade de comprar ônibus”, afirmou. O Setransp tem reafirmado que é a favor da renovação da frota, contanto que haja uma tarifa técnica que cubra os custos do sistema -- inclusive contemplando esse tipo de investimento. As empresas conquistaram em 2013 uma liminar judicial que as desobriga de renovar a frota . A Justiça entendeu que era necessário esclarecer se os empresários realmente estão recebendo o justo valor pelo serviço antes de fazê-los comprar novos ônibus.

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