De todas as propostas de Agache, a que deve suscitar mais indagações dos estudiosos é a implantação de grandes avenidas circulares, a partir do Centro, ao contrário do modelo que acabou sendo adotado nas décadas de 1960 e 1970, quando o Plano Diretor de 1965 passou a ser implantado. O modelo atual prevê grandes avenidas estruturais e concentração de infraestrutura. Em 1941 pensava-se diferente, facilitando – como explica um dos estudiosos do Agache, o arquiteto e historiador da PUCPR, Irã Taborda Du­­de­­que – chegar do Boqueirão ao Por­­tão sem passar pelo Centro.

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Parece piada, mas naquele tempo a circulação entre lugares tão próximos exigia muita paciência, como a imprensa da época comprova. Achaques dos jornalistas ao diretor do Departamento do Sistema de Trânsito e às em­­presas de ônibus eram notícia cer­­ta nos diários, o que leva a suspeitar que Agache tenha sido recebido como um anjo vingador. Havia menos de 50 linhas de ônibus.

Infelizmente, há raros estudos e material sobre como o urbanista francês foi recebido na cidade. E se criou alguma expectativa. Talvez tenha sido pouco notado. Além do mais, raras pranchas do Plano Agache saíram do papel e viraram realidade. Pode-se citar as galerias para pedestres na altura da Rua XV com a Monsenhor Celso; a área reservada para o Centro Cívico; o Viaduto do Capanema ; Mercado Municipal, e, suspeita-se, a largura de ruas como a Silva Jardim e Sete de Setembro, Kennedy e Paraná, embora já se falasse em fazê-las amplas desde o final do século 19.

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Para quem as vê, fica mesmo a impressão de que Agache sonhou fazer de Curitiba uma pequena Paris, com muitas árvores, grandes praças e espaços para pedestres. Nesse momento em que a capital está mais para Singapura do que para a capital francesa, olhar para o Plano Agache pode no mínimo apimentar as eternas discussões dos urbanistas da rua. Na hora do engarrafamento vai ter alguém para dizer: "Se tivessem cumprido o Agache, tudo seria diferente..."