Um impasse sobre o pagamento de indenizações para os proprietários de áreas na região Oeste e Sudoeste do Paraná paralisou novamente a construção da Usina do Baixo Iguaçu. Agricultores que serão afetados pelo enchimento do reservatório estão bloqueando os portões das obras desde a tarde de terça-feira (18). O Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu, responsável pela usina, comunicou aos prefeitos dos municípios de Capanema e de Capitão Leônidas Marques que, caso não seja suspenso o bloqueio dos portões do canteiro de obras, vai desmobilizar os 2,8 mil funcionários.
A decisão pelo bloqueio foi tomada em assembleia pelos agricultores, que decidiram obstruir o acesso dos funcionários ao local. O protesto chegou ao terceiro dia e a desmobilização do canteiro pode ocorrer já a partir desta sexta-feira (21).
“A paralisação do canteiro de obras da Baixo Iguaçu completou 48 horas na tarde desta quinta-feira (20) e já resulta em grande prejuízo para a Usina, que iniciará a desmobilização de maquinários e força de trabalho para fazer frente ao contingenciamento imposto pelo bloqueio dos seus portões”, afirma a nota do consórcio.
A reportagem não conseguiu contato com representantes dos agricultores.
Reivindicação dos agricultores
Os agricultores querem que o consórcio compre uma área para reassentar as mais de 400 famílias que devem ser impactadas pela barragem. Contudo, o grupo de empresas informou que não foi possível concretizar a compra de nenhuma das 18 áreas indicadas pela comissão de moradores.
Na semana passada, em uma reunião com o secretário-chefes da Casa Civil, Valdir Rossoni, agricultores e empresas tentaram um acordo. O consórcio afirmou que ofereceu indenizações acima dos valores avaliados das propriedades, com bônus e alguns auxílios técnicos. O argumento era de que, com o dinheiro em mãos, os indenizados poderiam escolher onde comprar as áreas, sem depender de um assentamento coletivo. Mas a comissão não aceitou a proposta.
A construção da usina é envolta em polêmicas. Além das questões ambientais que barraram a obra por muitos anos, a hidrelétrica também foi alvo de protestos em 2014, acusada de causar uma enchente na região. Por decisões judiciais, a construção ficou parada por vários meses. Depois de derrubar na Justiça os embargos, as obras foram retomadas em novembro de 2015.
Em setembro de 2016, houve confronto de agricultores e policiais militares no momento de desocupação do acampamento montado em frente aos portões do canteiro de obras, que terminou com feridos e presos, acirrando os ânimos e motivando a reunião na Casa Civil e novo bloqueio iniciado na terça-feira (18).
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