Parte de uma quadrilha que rouba relógios de luxo em bairros nobres de São Paulo migrou neste ano para Curitiba e passou a fazer vítimas do mesmo crime na capital paranaense. Uma reportagem exclusiva veiculada no programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão, no domingo (18), mostra imagens da ação dos assaltantes no momento em que são presos em um estabelecimento comercial de Curitiba e nas ruas de São Paulo. Há dois meses, a polícia paulista investiga uma das maiores quadrilhas especializadas em roubar relógios de luxo e, com autorização da Justiça, foi possível acompanhar as conversas entre os ladrões.
Em Curitiba, as vítimas são de regiões nobres e do aeroporto. "Uma delas, inclusive, quando desceu do avião tirou o relógio e colocou no bolso, foi abordada e o indivíduo pediu o relógio que estava no bolso. Quer dizer, ele estava visualizando a pessoa no saguão do aeroporto", relatou o delegado Rubens Recalcatti, da Delegacia de Furtos e Roubos, de Curitiba.
O advogado Marcos Granato foi um dos assaltados na capital paranaense e diz que nunca mais andará com relógio valioso. "Quem rouba tem que ser punido no rigor da lei", cobrou.
Os relógios roubados chegam a custar até R$ 30 mil. Eles vão parar nas mãos de quatro receptadores, que pagam 20% do valor de mercado.
Esquema da quadrilha
No momento de um roubo, os celulares estavam ligados e a polícia descobriu detalhes do crime, esquematizado para fazer vítimas em grande escala, à luz do dia. As imagens mostram ações em São Paulo. Ela começa quando um dos integrantes da quadrilha, chamado de "olheiro", escolhe a vítima entre os clientes de um shopping e avisa os ladrões que estão do lado de fora. Nas gravações, Paulo Pinheiro da Silva, apontado como o mandante da quadrilha, indica quem será o alvo.
Do lado de fora, os comparsas Fernando Vieira Barbosa e Alexandre Rodrigo da Silva recebem as instruções, em carros parados na porta do shopping. "O do banco da frente é o principal, hein. Vai sair, é aquela Audi ali, tá vendo não?", diz Paulo. "Tô vendo, tem uns quatro boyzão, né", responde Fernando. O cabeça do grupo entra em um dos carros e é dado início à perseguição.
Quem rouba o relógio é um motociclista da quadrilha e um garupa, que recebe orientações para esconder a placa da moto. Os carros dão cobertura. O ladrão que estava na garupa da moto volta para o carro. O motociclista foge com o relógio e retira o adesivo usado para esconder a placa.
Prisões e queixas Parte da quadrilha foi presa na semana passada. Entre os detidos estão Paulo, Fernando e Alexandre, que faziam em média quatro assaltos por dia. Os ladrões já haviam sido presos e foram soltos por bom comportamento. As investigações revelam que há pelo menos quatro foragidos que não pararam de agir. Os roubos de relógios de luxo são registrados há mais de três anos em bairros nobres de SP.
Segundo a polícia, somente um terço das vítimas procura elaborar um boletim de ocorrência. E isso acontece por diversos motivos. Não querem aparecer e também nós sabemos que muitos dos relógios entra de uma maneira irregular no país, sem pagar tributo", afirma o delegado Erasmo Pedroso Filho, de São Paulo.
