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Operação desastrada

Quadrilha usou celular para pressionar família

"Conversei com os sequestradores sem nem saber o que estava acontecendo. Só desconfiei depois de receber uma mensagem do celular do meu marido. O jeito de escrever não era o dele", disse a dona de casa Márcia Finkler, esposa do empresário de Quatro Pontes, no Oeste do estado, que sobreviveu ao sequestro em Gravataí, região metropolitana de Porto Alegre (RS), onde um policial da Brigada Militar também acabou morto por agentes do Grupo Tigre (Tático Integrado Grupo de Repressão Especial).

Osmar José Finkler e o amigo Lírio Persch, 50 anos, morto na troca de tiros entre policiais gaúchos e os sequestradores, haviam viajado na segunda-feira à tarde atraídos pelo anúncio de uma colheitadeira publicado em um site de vendas de maquinários agrícolas na internet. Sem desconfiar, a dupla foi vítima do chamado golpe do chute. Outros quatro casos que podem ter sido praticados pela mesma quadrilha vinham sendo investigados pela Polícia Civil do Paraná.

"Fazia uma semana que meu marido tinha visto o anúncio e se interessado. A colheitadeira estava sendo vendida por R$ 140 mil, quase a metade do preço de uma igual. Ele entrou em contato e começou a negociar. Insistiram tanto que ele acabou viajando para ver a máquina. Ele tinha a intenção de fechar o negócio só no ano que vem", conta Márcia. Os supostos vendedores telefonaram várias vezes e mandaram e-mails na tentativa de concretizar a venda.

O encontro seria no pátio de um posto de combustíveis de Gravataí. Assim que chegaram, Flinker e Persch foram levados para uma casa no centro da cidade. Do cativeiro, o empresário chegou a manter contato com a esposa. "Ele estava normal. Só achei estranho que a ligação parecia sempre estar no viva-voz. Desconfiei que algo poderia estar acontecendo quando me mandaram a mensagem pedindo o comprovante de depósito para fecharem o negócio", reforçou Márcia.

O texto no celular dizia: "Você já mandou o comprovante? Estamos dependendo dele para poder ir embora." Márcia chegou a depositar R$ 5 mil na conta do grupo. "Depois disso não tive mais contato. Só soube que alguma coisa estava acontecendo quando a polícia me ligou na terça-feira, por volta das 13 horas, perguntando se alguém tinha me telefonado pedindo dinheiro. Já fazia quase 30 horas que os dois haviam sido sequestrados." Horas mais tarde, ela soube da troca de tiros e da morte do amigo da família.

Casado, pai de um casal de filhos, Osmar Flinker é agricultor e dono de uma transportadora em Quatro Pontes, onde mora há 15 anos. "Além da roça, ele também compra e vende caminhões e maquinários. Foi a primeira vez que viajou para longe fazer negócio. Como ele sabia que o Lírio também gostava dessas coisas, convidou para ajudar a dirigir a caminhonete na viagem. Infelizmente, acabou acontecendo tudo isso. Ainda estou com medo. Pelo que meu marido e a polícia falaram, a quadrilha é grande e perigosa."

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