Pacientes que perderam a visão em consequência de queimaduras químicas na córnea são os maiores beneficiados por uma nova técnica, que combina o uso de membrana aminiótica e células-tronco. Em Curitiba, o oftalmologista Hamilton Moreira vem pesquisando a técnica desde os anos 90 do século passado.
"No Paraná temos um grave problema que são os acidentes com bombas de cal", conta. "A explosão é violenta, e pode ocorrer ainda nas mãos do paciente." O mais grave é que a maioria das vítimas sofre queimadura nos dois olhos.
O médico se inspirou no trabalho do ginecologista e obstetra Mauri Piazza, que usou a membrana amniótica em cirurgias ginecológicas. "Iniciamos as pesquisas entre 1992 e 1994, posteriormente combinadas com a implantação de células-tronco", lembra.
As células-tronco são obtidas do olho sadio do próprio paciente, no caso de queimadura unilateral, ou de um parente próximo, se a vítima tiver sofrido queimadura bilateral. A superfície ocular é coberta pela membrana amniótica. As células-tronco, por sua vez, cobrem a área, recuperando a transparência da córnea.
"Cerca de 20 pacientes por ano são submetidos a essa técnica", afirma Moreira. "Casos de bom prognóstico têm maiores chances de sucesso." Ou seja, quanto mais recente e menos grave a lesão, maior a possibilidade de recuperação da visão.
Retina
No interior paulista, o oftalmologista Rodrigo Jorge, do Hospital das Clínicas do câmpus da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, está testando a terapia com células-tronco no tratamento da retinopatia pigmentar, doença degenerativa que atinge o fundo do olho. Os pacientes receberam injeções de células-tronco sobre a retina. As células são retiradas da medula óssea do paciente. As primeiras avaliações deverão ser feitas nos próximos meses.
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