Com a filha de 2 anos em uma mão e um menino de 9 anos no outro, Luana*, 16 anos, andou pelos brejos próximos ao lago Itaipu, em Guaíra, durante uma hora e meia até encontrar um carro da Polícia Militar na tarde de anteontem. Antes, ela havia ficado quase cinco horas sob a mira de armas. O marido foi morto na chacina. Ele é apontado pela polícia como um pequeno traficante.
Luana diz desconhecer a profissão do marido e disse que nunca o viu com drogas ou armas. Ontem, ela conversou com a Gazeta do Povo. Ela deu detalhes da maior chacina da história do Paraná.
Por que você foi até a chácara?
Meu marido era muito amigo do Polaco. Tinha uma roupa dele lá. Fui lá buscar pra lavar. Fomos entrando, quando vimos um homem encapuzado. Achamos que era brincadeira de alguém. Só nos demos conta quando nos renderam.
O que os bandidos diziam para vocês?
Deram coronhadas na minha cabeça e do meu marido. Colocaram a gente de joelho na sala. Primeiro diziam que era para a gente não ter medo, que não éramos nós que devíamos e que eles queriam outras pessoas. Só que eles foram ficando mais violentos. Um deles perguntou pro meu marido se ele era homem. Meu marido disse que era. O bandido tirou o capuz, mostrou o rosto e atirou no filho do Polaco. Ele ficou agonizando do nosso lado até morrer. Eles queriam o Polaco, o Nel e o Zaqueeu.
Quando o Polaco chegou?
Um pouco depois. Ele tentou atropelar um deles. Não onseguiu. Saiu do carro e tentou fugir. Atiraram nas duas pernas dele. Fizeram ele ligar pro Nel e para o Zaqueeu.
O que obrigaram ele a falar?
O Polaco disse: "Vem cá para a gente acertar o negócio. Estou com o dinheiro aqui." Aí quem ia chegando eles iam levando para o paiol e matando. Nós que estávamos na casa íamos ser os últimos. Isso só não aconteceu porque meu marido pegou minha filha no colo. Um deles não gostou e atirou. A bala pegou de raspão na menina e nele. Ele e o Claudiomar pularam para cima dos dois tentando desarmá-los. Nisso peguei na mão das crianças e fugi.
* nome fictício