O investigador da Polícia Civil Délcio Augusto Rasera deixou na tarde desta sexta-feira, às 16h40, a cela da Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos, no bairro Vila Izabel, em Curitiba. Rasera estava preso desde setembro de 2006 por executar escutas telefônicas ilegais e por porte de armas.
Depois de cumprimentar quase todos os policiais, Rasera deixou a delegacia de terno na companhia da mulher e dos advogados. Na saída, Rasera disse à imprensa que agora vai cuidar da família e reconstruir a vida. Disse ainda que vai se apresentar à Polícia Civil, provavelmente na segunda-feira (23), e que acredita na justiça do Paraná - que lhe concedeu o habeas-corpus. Sobre o processo, Rasera disse que não conhece os detalhes e que por isso preferia não comentar.
O habeas-corpus foi expedido pelo julgamento do Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR) na quinta-feira, mas o alvará de soltura só foi cumprido na tarde desta sexta por questões burocráticas. Agora Rasera responderá pelos crimes em liberdade. O julgamento deve acontecer no início do mês de setembro, depois que o juiz Gaspar Mattos de Araújo, da Comarca de Campo Largo, analisar o material apreendido com o policial.
Rasera foi detido no dia 5 de setembro do ano passado durante a "Operação Pátria Nossa", deflagrada pela Promotoria de Investigações Criminais (PIC). Quando foi preso, o policial se identificou como assessor especial do governador Roberto Requião (PMDB). Rasera trabalhava na Casa Civil do governo do estado.
Esta aproximação de Rasera com o Palácio Iguaçu mexeu com as eleições para governador do Paraná, em outubro de 2006. Passado o pleito, Requião, então reeleito governador, chegou a dizer que a prisão de Rasera refletiu no resultado da eleição. Requião venceu Osmar Dias (PDT) por uma pequena diferença - 10.479 votos.
A PIC só deve se pronunciar sobre a soltura de Rasera quando for comunicado oficialmente pelo TJ - o que pode acontecer na semana que vem.