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Rastros em redes sociais permitiram que polícia chegasse a provas de estupro coletivo

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(Foto: Bigstock./Bigstock.)

Erros cometidos pelos acusados de participar do estupro coletivo da jovem de 16 anos foram fundamentais para os investigadores da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV) desvendarem o crime. Um número gravado no celular de Neide Souza, mãe do suspeito Raí de Souza, fez com que os policiais encarregados da apuração desconfiassem que ele não jogara o aparelho fora.

Pelas redes sociais, os policiais conseguiram chegar ao apartamento onde o celular estava escondido. Nele, os agentes encontraram os dois vídeos que comprovam o estupro coletivo da jovem.

O telefone estava na casa de Raphael Regis, em Madureira, zona norte do Rio, onde Raí costumava dormir. Antes de se apresentarem à Polícia Civil no último dia 30, quando foram presos, Raí e Lucas Perdomo Duarte dos Santos passaram antes na casa de Regis.

Os policiais acharam, no Facebook de Régis, uma foto dos três. Raí e Lucas vestiam a mesma roupa com que chegaram à Cidade da Polícia no dia da prisão.

Com um mandado de busca, os policiais apreenderam, na sexta-feira (3), o aparelho de Raí na casa de Regis. Também foi recolhida uma bermuda parecida com a usada por um dos homens do vídeo e com a vestida por Raí no primeiro depoimento, no dia 27. Neste dia, Raí também usava um chinelo preto semelhante ao que aparece no vídeo, segundo os policiais.

No novo vídeo descoberto, com 12 segundos de duração, é possível ver a vítima tentando resistir à abordagem dos homens. De acordo com os policiais, Raphael Belo, o terceiro acusado preso, responde: “Não o quê, pô?.” E adolescente grita: “Ai!”. Na sequência, Belo tenta introduzir um batom nas partes íntimas da garota.

Belo se entregou na quarta-feira, 1.º de junho. Ele aparece em uma selfie com a adolescente nua e desacordada. Os policiais encontraram no celular uma gravação em que Raí orienta moradores do Morro da Barão, onde aconteceu o crime, na zona oeste carioca, a organizar uma manifestação em defesa dos acusados, a mando dos traficantes da favela.

“Mano mandou ir no protesto. Se não for, é com eles mesmo. Mano mandou ir no protesto”, diz o áudio. Parentes e vizinhos de Raí, de 22 anos, fizeram o protesto no dia 30. Eles levaram cartazes com frases como “Não houve estupro” e “Estupro ou orgia?” e sustentaram que a vítima consentiu em ter relação sexual com Raí.

Apesar do conteúdo ter sido apagado do celular, os policiais acharam uma pasta no aparelho com arquivos enviados. O primeiro vídeo seguiu para cinco pessoas. O segundo, para uma. O áudio da manifestação foi enviado a um grupo do aplicativo WhatsApp.

Os agentes desconfiam que o celular tem outras provas do crime, que poderão ser identificadas por perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (Icce), da Polícia Civil.

Os investigadores acharam vínculos do grupo acusado pelo estupro com o tráfico de drogas na região. A Delegacia de Combate às Drogas (DCOD) foi acionada para ajudar nas investigações.

Para os policiais, sem as redes sociais, seria mais difícil chegar à dinâmica do crime, pois Raí mentiu diversas vezes em seus depoimentos. Ele já tinha se relacionado com a adolescente antes do crime, assim como Lucas, solto na última sexta-feira,3, por falta de provas.

Outra descoberta feita pelos policiais é que os vídeos foram gravados por um homem apelidado de Perninha. Anteriormente, ele foi identificado pelos acusados como Jefinho.

Segundo os investigadores, já há provas suficientes para que Raí, Raphael Belo, Perninha e Moisés de Lucena, o Canário, sejam indiciados por estupro. Este último, um traficante da região, teria sido identificado pela vítima. Segundo ela, Canário a segurou durante o estupro.

Mais três homens acusados de participação no crime estão foragidos: Sérgio Luiz da Silva Júnior, o Da Russa, chefe do tráfico no Morro da Barão, Marcelo da Cruz Miranda Correa e Michel Brasil da Silva, que teriam compartilhado os vídeos em redes sociais.

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