Cinco detentos mortos, oito feridos e três agentes penitenciários reféns além de uma grande destruição que atingiu quase todas as celas. Este foi o saldo final da rebelião realizada na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba (RMC). A motivação do motim que durou mais de 18 horas colocou em oposição as secretarias da Justiça e da Segurança do Paraná.
O motim ocorreu dois dias depois que alguns policiais militares, por decisão da Secretaria Estadual da Segurança Pública (Sesp-PR), foram retirados da penitenciária. Eles eram responsáveis por fazer a guarda armada do local, em apoio aos agentes, e estavam dentro da PCE desde 2001, data da última rebelião que aconteceu no local. Segundo a Sesp, do efetivo de 48 PMs, 20 teriam sido transferidos.
Para o secretario estadual da Justiça, Jair Braga, essa determinação foi determinante para que a rebelião fosse iniciada. "Se a PM não tivesse saído, a rebelião não teria acontecido", afirmou ao repórter Heliberton Cesca, da Gazeta do Povo. Braga ainda considera que a facilidade de comunicação que os presos possuem também colaborou para a organização do motim.
A secretaria da Segurança discorda desta opinião. De acordo com a Sesp, a rebelião ocorreu por uma razão principal: presos de grupos rivais que estavam na mesma ala se encontraram e brigaram entre eles. O comandante geral da Polícia Militar, coronel Rodrigo Larson Carstens, disse que o número maior ou menor de policiais não evitaria o motim. "Os policiais que de lá foram retirados estavam ociosos e foram transferidos para fazer o policiamento de rua, protegendo a população. Na PCE, presos que eram inimigos, entraram em confronto", afirma. O secretário da Segurança, Luiz Fernando Delazari, não deu nenhuma entrevista.
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O perigo de rebelião já havia sido alertado pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná, quando soube da saída dos PMs. O presidente do sindicato, Clayton Agostinho Auwertzr avisou, em ofício à Ordem dos Advogados do Brasil, sobre a preocupação dos agentes com a saída da PM. O presidente da OAB-PR, Lucio Glomb, teria conversado com o coordenador do Departamento Penitenciário (Depen), Cezinando Paredes, a respeito da falta de segurança e uma comissão da OAB faria uma visita ao presídio na sexta-feira, mas a rebeli~]ao chegou antes.
Segundo a secretária da Comissão de Direitos Humanos e Cidadania da OAB, Isabel Kugler Mendes, o secretário da Justiça informou à Sesp que não havia condições do local ficar com menos PMs, mas não recebeu resposta. "Se tivesse policiais suficientes, uma ala poderia ter se rebelado, mas não o presídio inteiro", opina.
No máximo, 30 agentes penitenciários fazem a segurança das 13 galerias que compõem o complexo penitenciário. A OAB informou que 1.578 presos estavam na PCE no momento da rebelião. Só os policiais da PM têm permissão para andar armados - com munição não letal e bombas de gás lacrimogênico. Os agentes andam desarmados.
A Polícia Científica, que esteve na PCE depois do motim, estima que 90% das celas estão destruídas. Até esta sexta-feira, os presos continuavam no local e não havia a informação se os detentos vão precisar ser transferidos para outra penitenciária.
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