Embora a economia de água feita pela população tenha aumentado em julho, as medidas de racionamento adotadas pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) ainda respondem por 66% do volume total economizado na região metropolitana.
Segundo dados fornecidos pela estatal, a redução da pressão da água na rede e do volume vendido aos municípios que têm empresas próprias de saneamento, como Guarulhos e Santo André, somam 13 mil dos 19,5 mil litros por segundo que a Sabesp deixou de produzir em julho na comparação com fevereiro de 2014, quando a crise hídrica foi anunciada.
Só com a redução da pressão e o fechamento manual da rede, que provoca longos cortes no fornecimento de água, a Sabesp economizou 10,6 mil litros por segundo, o dobro do que a companhia produz no Sistema Rio Grande, braço da Represa Billings, no ABC.
Segundo Marzeni Pereira, ex-tecnólogo da Sabesp e membro do grupo “Água Sim, Lucro Não”, as manobras feitas pela companhia podem levar à contaminação da água. “Se você deixa a rede vazia, ela fica sujeita à infiltração de qualquer substância que estiver no lençol freático.”
De acordo com a Sabesp, as manobras feitas na rede tem como objetivo reduzir as perdas de água por vazamento e não deixam as tubulações totalmente despressurizadas, o que evita a contaminação. Ainda de acordo com a companhia, a redução da pressão é feita desde 1997, mas foi intensificada por causa da crise hídrica.
Os dados da companhia mostram que outros 2,4 mil l/s economizados em julho são oriundos da redução no volume vendido no atacado para concessionárias municipais. Em julho, o Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André (Semasa) divulgou que deve adotar rodízio no verão porque a Sabesp cortou mais 100 litros por segundo. A estatal informou que a medida foi adotada em comum acordo.
A economia de água atribuída à população, de 6,5 mil l/s em julho, equivale a 33% do total. O índice é o maior já registrado pela Sabesp desde o lançamento do programa de bônus, em fevereiro de 2014.
A redução de 27% na produção de água para a Grande São Paulo desde o início da crise - de 71,4 mil para 51,9 mil l/s -, contudo, não tem sido suficiente para estancar a queda do nível dos mananciais. O Cantareira chegou ontem ao 19º dia consecutivo de queda, com redução para 16,6%. Apesar da situação, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) voltou a descartar na quinta-feira, 20, a possibilidade de rodízio neste ano. Segundo ele, o plano de contingência, que deve ser apresentado em setembro, não contempla a medida.
Para Alckmin, o reconhecimento formal da situação crítica na Grande São Paulo, feito por portaria do Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), não indica rodízio. “É para evitar o desabastecimento. Porque, com isso, podemos acelerar obras, autorizações ambientais, toda parte legal, exatamente para garantir o abastecimento.”
ANA
Ontem, o presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente Andreu, voltou a criticar o governo Alckmin na gestão da crise, que seria “equivocada”. Faltaria “maior sinceridade com a população”. A resposta, pelo governo Alckmin, coube ao deputado estadual Coronel Telhada (PSDB). “Até o Andreu reconhece que o nosso governador tem credibilidade. Na vida pública, credibilidade se constrói com liderança e confiança, principalmente em situações como essa de escassez de água.” Colaborou Felipe Resk. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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