A cidade de São Paulo vem implementando um programa de redução nas velocidades máximas permitidas, desde 2013, como forma de reduzir acidentes, sobretudo os atropelamentos. No ano passado, 1.249 pessoas morreram por acidentes de trânsito no município, sendo que 45% delas foram atropeladas. Em 2013, foram 1.152 acidentes, sendo 44,6% por atropelamento, de acordo com a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
O presidente da Associação Brasileira de Pedestres, o engenheiro Eduardo Daros, apoia as medidas que vêm sendo adotadas. “A diminuição da velocidade nas vias sempre foi defendida por nós,” disse. Daros destaca que estudos feitos no trânsito europeu mostram as vantagens da redução da velocidade nas vias. “Quando o veículo trafega a 40 quilômetros por hora (km/h) e atinge um pedestre, 15 em cada 100 vítimas morrem. Quando está a 60 km/h, aumenta para 85 em cada 100 a chance de morte”, declarou.
De acordo com a Prefeitura de São Paulo, o programa de ajustes já reduziu a velocidade em 26 quilômetros de ruas e avenidas – a meta é chegar a 100 quilômetros. No centro da capital, que concentra grande quantidade de pedestres, a velocidade foi reduzida de 50km/h para 40 km/h, implantando em setembro de 2013. O resultado foi uma queda das vítimas de sete mortos entre agosto de 2012 e setembro de 2013, para quatro mortos entre novembro de 2013 e dezembro de 2014.
A pesquisa da CET revela que, quando comparadas as causas das mortes por acidentes de trânsito em 2014, 44,4% foram pedestres atropelados, 35,2% eram motociclistas, 16,6% eram motoristas ou passageiros em automóveis e 3,8% eram ciclistas.
O crescimento da frota de veículos também agrava o problema. Segundo o Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran), a cidade registrava, em maio, pouco mais de 8 milhões de veículos, sendo 5,7 milhões de carros de passeio e 1 milhão de motocicletas. Há um ano, o total de automóveis era de 7,6 milhões, uma diferença de 400 mil carros.
Por isso, a partir da próxima segunda-feira (20), as marginais Tietê e Pinheiros também passarão a ter a velocidade reduzida. Nas pistas expressas, a máxima cai de 90 km/h para 70 km/h em caso de carros leves e reduz de 70 km/h para 60 km/h para veículos pesados. A pista central (existente na apenas na Marginal Tietê) terá a velocidade máxima reduzida de 70 km/h para 60 km/h, valendo para todos os tipos de veículos. Já nas pistas locais de ambas as marginais, a velocidade cai de 70 km/h para 50 km/h também para todos os veículos.
Os números da CET mostram que, durante o ano passado, 54 pessoas foram atropeladas na Marginal Tietê e 15 delas morreram. Na Marginal Pinheiros, nesse mesmo período, foram 42 atropelamentos, que resultaram em 40 mortes. A maior parte dessas vítimas são pessoas em situação de rua e vendedores ambulantes, que se aproveitam dos congestionamentos para comercializar itens aos motoristas.
Na época em que foram inauguradas – a Marginal Tietê em 1957 e a Marginal Pinheiros em 1970 – essas vias serviam de ligação entre rodovias, sendo exclusivas para veículos. Mas o crescimento urbano fez com a cidade se aproximasse cada vez mais das vias expressas e, embora ainda seja proibida a presença de pedestres, muitos são vistos arriscando suas vidas, lembra Eduardo Daros. “A Avenida 23 de Maio também foi criada para ser expressa, sem presença de pedestres. Mas hoje existe até ponto de ônibus nessa avenida e sempre vemos pessoas se arriscando,” disse ele.
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