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Curitiba – Tudo continua igual. A reforma ministerial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não interfere no trabalho em andamento nos ministérios e nem altera cargos de segundo escalão para baixo. A mudança obrigatória pela saída de ministros candidatos, exigida pela regra da desincompatibilização, além de ser o tradicional "tapa-buraco" do ano eleitoral, é uma das importantes armas do PT na tentativa de melhorar a sua imagem política, desgastada desde o ano passado com as denúncias de corrupção. Lula precisou manter as pastas prometidas para partidos como PMDB, PC do B e PL para não perder força na campanha de reeleição.

"O governo está ferido há muito tempo. Vem sangrando e se desmontando. Sem julgar a sua culpa ou não na corrupção, José Dirceu (ex-chefe da Casa Civil de Lula, deputado federal cassado) havia articulado um caminho para o PT ganhar a eleição e governar com um Congresso complicado. Sem ele, o PT perdeu conteúdo e capacidade efetiva de implementar políticas públicas", explica Milton Lahuerta, cientista político e coordenador da pós-graduação em Sociologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp). "Com um candidato de oposição pré-definido (Geraldo Alckmin, PSDB-SP), a reforma ministerial entra dentro da operação "salva-governo" de Lula, que precisa fazer alianças enquanto é tempo", continua.

A dificuldade do governo Lula em angariar aliados neste momento resulta em um ministério mais técnico que político, avalia Rogério Schmitt, cientista político da Tendências Consultoria. "Isso garante que não haverá grandes modificações nos planos pre-estabelecidos e nem na participação dos partidos aliados. Lula precisa dessa moeda de troca para ter apoio político na aprovação de alguns projetos", diz.

Mantega

A surpresa da escolha de Guido Mantega para a Fazenda reflete, de acordo com Schmitt, a falta de opção do governo.

"Como não tinha outro nome, colocou Mantega, com um perfil bem diferente de Palocci. Mas, para evitar críticas, tirou dele o poder sobre o Banco Central, para deixar bem claro que Mantega não tem o mesmo poder de Palocci", avaliou.

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