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A região onde foram encontrados destroços que podem ser do voo AF 447 tem, em média, quatro quilômetros de profundidade, segundo o oceanógrafo Moysés Tessler, do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo. A área é bastante próxima a uma grande cordilheira submarina, que divide o continente americano da África e da Europa.

"A profundidade média dessa região é de quatro quilômetros. Em algumas áreas um pouco mais, em outras um pouco menos. Isso é considerado oceano profundo", explica o cientista. "Não há atividade humana praticamente nenhuma por ali", diz Tessler.

O fundo do mar ali não é plano, mas irregular e montanhoso. "É uma região muito próxima da cordilheira meso-oceânica", explica o pesquisador. Essa cordilheira foi formada pela separação dos continentes sul-americano e africano. Essa separação, que é lenta e contínua, abriu bacias de grande profundidade entre a cadeia de montanhas e os continentes.

A pressão atmosférica em uma profundidade tão grande é imensa. Em média, a cada 10 metros de profundidade, a pressão aumenta uma atmosfera (a unidade de medida -- uma atmosfera corresponde à pressão observada ao nível do mar).

A caixa preta do avião é feita para suportar mesmo essas condições extremas. As chances são boas que ela tenha sobrevivido ao desastre. O desafio é encontrá-la.

Segundo reportagem da agência de notícias Reuters, para resgatar a caixa preta será necessário colocar minissubmarinos trabalhando no limite. A profundidade é demais para qualquer submarino tripulado. De acordo com a agência, um relatório da Marinha dos Estados Unidos divulgado em 2008 afirmou que seria possível resgatar destroços e até a caixa preta de aviões caídos a até seis quilômetros de profundidade no oceano.

Em 1987, foi possível recuperar as gravações de voz de um voo da South African Airways que caiu no oceano Índico a 4,2 quilômetros de profundidade, segundo a Reuters.

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