A Universidade Federal do Paraná (UFPR) vai buscar o total ressarcimento dos R$ 7,3 milhões desviados de bolsas de pesquisa do esquema de desvio que seria comandado por duas servidoras e envolveriam 27 pessoas que receberam o dinheiro, muitas delas sem qualquer ligação acadêmica ou mesmo curso superior que justificasse o repasse.
“Não seremos lenientes com nenhuma irregularidade que for comprovada. Não vamos descansar até sermos protagonistas do ressarcimento desses valores”, enfatizou o reitor Ricardo Marcelo Fonseca, que concedeu entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira na reitoria, um dia depois da Operação Research (pesquisa, em inglês), da Polícia Federal (PF), ser deflagrada. “Estamos declarando que temos como obrigação a mais absoluta transparência”, completou o reitor.
Fonseca discordou do posicionamento da PF e do Tribunal de Contas da União (TCU) que apontaram falhas “grosseiras” no controle interno da UFPR, o que teria permitido o desvio de dinheiro. “Não acho que nosso sistema fosse muito falho. Estamos falando do quarto orçamento do estado do Paraná. Ao longo desse período, foram mais de R$ 700 milhões em bolsas. Agora, com essa situação, eu digo que havia um problema de controle e não um grande problema de controle”, aponta o reitor.
Mesmo assim, Fonseca admitiu que o controle da liberação do dinheiro não estava sendo feita de forma adequada. “Em uma longa lista de pesquisadores, começou a aparecer nomes que não deveriam estar ali. Havia um problema, claro. Mas eram servidoras com décadas de prestação de serviços. Eram servidoras que não tinham uma presunção de desconfiança”, destacou, referindo-se às servidoras públicas Tânia Marcia Catapan e Conceição Abadia de Abreu Mendonça , suspeitas de comandarem o esquema de desvio .
Zaki Akel Sobinho, reitor no período em que foram feitos os pagamentos suspeitos, também discordou da análise da PF. Em entrevista ao PR TV 1ª Edição, da RPC TV, o ex-reitor disse que o esquema foi “bem elaborado”. “A fraude foi colocada gradualmente e muito ‘bem feita’. A universidade foi vítima de duas funcionárias que se aproveitaram da confiança que tinham por terem mais de 20 anos na casa e desempenho elogiado”.
Para ser mais segura, essa verificação, explica o atual reitor, deveria ter sido feita CPF por CPF, o que deve ser feito a partir de agora. “Mas essa comissão agora permitirá que as informações estejam permanentemente disponíveis para toda comunidade”, explicou, referindo-se à sindicância interna que foi aberta na UFPR para apurar os desvios.