De acordo com a legislação atual de trânsito, a principal alteração na rotina de motoristas mais velhos é a periodicidade da renovação da carteira. A partir dos 65 anos, o prazo cai de cinco anos para três anos, mas os demais exames são idênticos. Cursos de reciclagem também ajudam a atualizar o motorista quanto a regras e resoluções. Segundo o instrutor de direção defensiva Djair de Faria, conhecer as leis de trânsito é a maneira mais eficaz de evitar problemas ao dirigir. Para ele, estar na terceira idade não é fator limitante no trânsito. "Quando eles dirigem com freqüência, têm muito mais prática. O que pode complicar é aprender a dirigir depois dos 55 anos, quando começam as perdas de reflexo", aponta.
Outra observação de Faria é quanto ao comportamento do idoso nas ruas. A sinalização é a base da comunicação no trânsito, e isso precisa ser respeitado sempre. Dar seta e manter a velocidade correta ajudam a prevenir acidentes. "Muitas vezes, o idoso acha que os outros é que precisam abrir espaço e deixá-lo passar. E a baixa velocidade também é fator de risco. O ideal é manter a metade da velocidade máxima permitida na via", ensina. O piloto Ingo Hoffman faz outro alerta. "Mantenha-se à direita, sempre. A pista da esquerda é para quem vai com mais velocidade", diz.
Educação
Administração de rotina são palavras de ordem para o aposentado José Bottoli, de 72 anos. Ele mora do centro da cidade. "Caminho a pé para todos os cantos. Dirijo eventualmente", diz. Mas quando tira o possante da garagem, sabe muito bem aonde vai, a que horas e o trajeto que vai percorrer. Tanto cuidado garante bons resultados. Tem apenas uma multa no currículo. "Foi na estrada. Sempre viajei de carro", conta. Proprietário de um carro 2003 com 44 mil quilômetros rodados, Bottoli estuda a próxima aquisição. Até o fim do ano vai comprar um modelo novo, escolhido a dedo depois de pesquisas em revistas especializadas. "Mas não vou pegar estrada no Natal. É muito movimento. Prefiro sair em datas alternativas", ensina.
Educar o idoso para o trânsito está nos planos do Detran do Paraná. O órgão ainda não tem programa educativo definido para a faixa etária, mas pretende formar grupos de discussão no modelo dos que foram feitos com os jovens, em todo o estado. "Temos 22 comissões consolidadas para debater ações de educação e desenvolver programas específicos para prevenção de acidentes e danos", explica a pedagoga Maria Helena Gusso Mattos, coordenadora de educação para o trânsito do Detran. Quanto à terceira idade, Maria Helena já avalia os desafios. "A vulnerabilidade e as perdas fisiológicas afetam a capacidade de dirigir. As condições de saúde precisam ser ponderadas. Dirigir exige destreza, mas a independência proporcionada pelo automóvel não pode ser ignorada", diz.
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