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Crise

Repercussão

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) afirmou ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deveria se pronunciar sobre o escândalo do mensalão e prestar esclarecimentos à sociedade.

O senador disse ter sugerido diretamente ao presidente que essas explicações sobre a crise, que afeta o PT e o governo desde o meio do ano passado, fossem dadas em um encontro com o Congresso Nacional. Mas, de acordo com ele, o próprio Lula já teria descartado a possibilidade. "Eu acho natural que o presidente faça um pronunciamento e explique as coisas como elas são. Eu fiz essa sugestão, mas ele não achou boa", disse Suplicy.

Ao narrar as conversas que teve com o presidente sobre o tema, Suplicy explicou que Lula teria manifestado a preferência de prestar esclarecimentos sobre as denúncias somente durante a campanha eleitoral.

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Para o pré-candidato do partido ao governo do Estado, o senador Aloizio Mercadante, o presidente Lula vai continuar governando "com muita tranqüilidade", independente das novas informações fornecidas pelo ex-secretário.

Segundo o senador petista, as novas denúncias apenas comprovam que o governo federal nunca admitiu qualquer prática que pudesse prejudicar os interesses públicos. "Na entrevista, ele (Silvinho) diz e repete mais uma vez o que todas as investigações comprovaram que não há nenhuma responsabilidade do presidente Lula", afirmou Mercadante.

Questionado sobre se as novas informações fornecidas por Sílvio Pereira podem prejudicar de alguma forma a reeleição do presidente Lula, Mercadante afirmou que não tem dúvidas de que esse é um tema que estará presente em toda a campanha eleitoral, mas insistiu que o governo está bem posicionado para enfrentar o pleito deste ano. "Faz parte da estratégia da oposição."

Em relação ao fato de ter sido citado por Pereira como participante de encontros com empresários para a busca de recursos para as campanhas eleitorais, Mercadante afirmou que esses relacionamentos fazem parte da vida pública e em momento algum significam al-gum tipo de infração à lei. "O que jamais nesses encontros ocorreu foram práticas ilícitas, propostas indecorosas", disse o senador.

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O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que as declarações do ex-secretário-geral do PT Silvio Pereira trará efeitos negativos para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o seu governo. Fernando Henrique também criticou o governo e o PT por tentarem minimizar as denúncias em torno do valerioduto. Disse que Lula comete um grave erro ao chamar políticos abertamente envolvidos no escândalo de "meus companheiros".

"A gravidade do valerioduto não pode ser minimizada", destacou. "E o fato de não haver uma clara repulsa do próprio presidente da República, que era o presidente do partido, a isso é grave. Ele continua chamando todo mundo de ‘meu companheiro’. Sei que vão dizer que como ex-presidente eu não devia dizer isso mas digo, porque está errado."

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O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo (PT), afirmou ontem que as declarações de Sílvio Pereira podem ser ruins para a campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Eu acho que prejudica, porque elas surgem no momento em que essa crise estava praticamente debelada", disse.

Apesar disso, afirmou que o assunto não deve ficar muito tempo em pauta. "Temos questões importantíssimas como a nacionalização do gás boliviano e a Operação Sanguessuga que, pelo transcorrer das investigações, pode chegar a 80 deputados envolvidos, 15 a mais do que aqueles que até então tinham sido citados por participar de fraudes. Infelizmente estão pipocando muitas notícias ruins que devem ofuscar essas declarações", ressaltou.

Ele ainda disse acreditar que o depoimento de Pereira na CPI dos Bingos não vai trazer novidades relevantes. "Se era verdade que existia isso (valerioduto), o esquema já foi desmanchado e estão todos no Supremo Tribunal Federal com seus advogados para fazerem suas defesas. A CPI corre atrás dos acontecimentos, mas e não houvessem essas denúncias ela estaria acabando", disse.

Apesar de não contradizer o ex-secretário-geral do PT, o ministro o desacreditou. "Me parece que o Sílvio Pereira está emocionalmente alterado", falou Bernardo. "Talvez tenha que se dar algum desconto", afirmou o ministro.

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