A primeira reunião deste ano do Conselho da Polícia Civil terminou em confusão, nesta terça-feira (4), em Curitiba. Após o encerramento da sessão, policiais de sindicatos distintos trocaram socos nos corredores do prédio. O encontro foi cancelado logo após a abertura, por conta de uma polêmica em relação à permanência do delegado Marcus Vinícius Michelotto no órgão.
Em dezembro, ele foi preso em uma operação do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco), suspeito de envolvimento em um esquema de exploração de jogos de azar. O conselho é considerado o principal órgão da Polícia Civil, com a função de deliberar todos os atos referentes à instituição.
A briga envolveu o presidente do Sindicato dos Investigadores do Paraná (Sipol), Roberto Ramires, e diretores do Sindicato das Classes Policiais Civis do Paraná (Sinclapol). Após o conflito, Ramires e dois policiais filiados ao Sinclapol registram boletins de ocorrência no 1º Distrito Policial (DP), cada qual alegando ter sofrido agressões. O presidente do Sipol seguiu ainda para a Corregedoria da Polícia Civil, onde também denunciaria o incidente.
Em 2013 e no início deste ano, o Sipol encaminhou ofícios à Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp), ao governo do estado e ao Departamento da Polícia Civil, indicando que Michelotto não poderia integrar o conselho. Até julho do ano passado, Michelotto presidia o órgão por ser delegado-geral, chefe da Polícia Civil. Após ser retirado do comando, ele continuou no conselho, por indicação do governo do estado.
Apesar disso, a permanência do ex-delegado-geral passou a ser contestada, principalmente a partir da investigação do Gaeco, que sugeriu a participação de Michelotto na "mansão-cassino", uma casa de jogos de azar invadida por policiais há dois anos. "Ele é investigado neste caso, por isso não pode deliberar sobre essas investigações", aponta o diretor do Sipol, Ezequiel Ventura. Apesar da manifestação do sindicato, o Ministério Público do Paraná (MP), responsável pela investigação, não pediu o afastamento de Michelotto do conselho.
Por sua vez, o presidente do Sinclapol, André Gutierrez, disse que a briga foi motivada por uma questão sindical. "O posicionamento da classe é contrário ao que o Sipol vem tendo. O Sipol vem atacando a instituição, como um todo. Então, um diretor nosso [do Sinclapol] o interpelou, perguntando porque ele [Ramires] está prejudicando a instituição. Aí começou o empurra-empurra", disse Gutierrez.
A Gazeta do Povo tentou contato com o advogado do delegado Marcus Vinícius Michelotto, mas ele estava em audiência e não pôde atender a reportagem. A assessoria de imprensa da Polícia Civil informou que vai apurar o que ocorreu na reunião do Conselho.
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