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Negociação

Reunião no TRT pode pôr fim à greve de ônibus em Curitiba e Rede Integrada

Uma audiência entre o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e região metropolitana (Sindimoc) e as empresas que realizam o transporte na capital e na Rede Integrada (RIT) pode pôr fim à greve que deixa 100% dos ônibus parados nesta quarta-feira (26). Segundo informações do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná (TRT-PR), a reunião começou por volta das 14 horas, na sede do tribunal, em Curitiba.

O órgão informou que a audiência foi marcada a pedido do Sindimoc, que pleiteia reajuste de salário de 16% para motoristas e 22% para cobradores, mais Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Em entrevista ao telejornal PRTV 1ª edição, da RPCTV, nesta quarta-feira, o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), disse que atender a esta reivindicação implicaria em aumentar a tarifa de ônibus R$ 2,70 para R$ 3,40.

Segundo o TRT, no encontro também poderá ser pactuada – caso não haja um acordo salarial entre as partes – uma frota mínima que irá circular durante a greve. A proposta do Sindimoc é que, ao contrário da determinação da 18ª Vara do Trabalho de Curitiba, que pede 70% dos ônibus na ativa em horários de pico, circule 50% da frota nestes horários, que vão das 5h30 às 8h30, das 11h30 às 14 horas e das 17 horas às 19h30. Fora destes, a intenção do sindicato é de uma circulação de 30% dos ônibus.

Nesta manhã, representantes do Sindimoc preparavam documentação para a reunião de conciliação. O presidente do sindicato, Anderson Teixeira, confirmou que vai contestar a decisão da juíza da Vara do Trabalho de Curitiba, já que crê que ela não teria competência para julgar o assunto.

"Acreditamos que uma juíza de primeiro grau não tem competência para impor multas ao sindicato ou determinar o percentual de carros que deve circular. Ela poderia julgar o interdito proibitório. Também vamos contestar a questão referente à competência da Vara do Trabalho de Curitiba sobre o transporte em cidades da Região Metropolitana", disse ele.

Também pela manhã, o advogado do Sindimoc, Elias Mattar Assad, disse que espera que a reunião desta quarta resolva a disputa salarial da categoria. "É uma tentativa de negociação. Se houver sensibilidade deles (patrões), a greve acaba hoje. Os trabalhadores querem repôr as perdas salariais, atualizar o poder de compra, sem perder as conquistas que a classe já tem. Os valores serão negociados, não posso adiantar nada", completou.

Ainda conforme o TRT, o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano (Setransp) ajuizou pedido para elevação da multa para R$ 1 milhão por dia em caso de desobediência à ordem judicial que garante a circulação de frota mínima. O tribunal informou, no entanto, que o pedido ainda não foi julgado e continua valendo a multa estabelecida pela 18ª Vara do Trabalho, de R$ 10 mil por dia em caso de descumprimento da ordem.

Sobre a audiência, o Setransp informou à reportagem que já foi comunicada do encontro, e que não tem nada mais a declarar sobre a negociação.

Até as 12h30, a Urbs disse que ainda não tinha sido informada sobre a reunião. No entanto, na entrevista ao PRTV 1ª Edição, o prefeito informou que a empresa que gerencia o transporte da capital e a prefeitura iriam participar da conciliação no TRT. Fruet informou ainda que também pediu o aumento da multa por descumprimento da circulação de uma frota mínima para R$ 1 milhão.

Greve em Curitiba

A paralisação afeta cerca de 2,3 milhões de pessoas que dependem do uso diário dos ônibus.

Reunidos nas garagens, motoristas e cobradores afirmam que não há linha alguma em circulação na cidade. Segundo a Secretaria Municipal de Trânsito (Setran), além dos ônibus convencionais, também estão sem operar as linhas Turismo, Inter-Hospitais e Aeroporto - tanto a convencional (ligeirinho), como a linha executiva.

Para os grevistas, a orientação do sindicato da categoria (Sindimoc) é manter os braços cruzados indefinitivamente até que as empresas façam uma proposta que agrade aos trabalhadores. Algumas as garagens de coletivos tinham os portões bloqueados para impedir a saída. Na garagem do Parolin, onde ficam os veículos da Auto Viação São José, que opera 15 linhas da região metropolitana, um ônibus foi atravessado no portão e teve seus pneus esvaziados para impedir a remoção.

Apesar do ato, o clima é tranquilo nesses locais, sem maiores mobilizações.

O resultado da greve pôde ser percebido desde cedo: várias estações-tubo e pontos sem passageiros, nenhum veículo do transporte coletivo circulando na Rui Barbosa, no Terminal Guadalupe, na Avenida Getúlio Vargas, Rua Alferes Poli e outras vias importantes da capital. Por volta das 6h15, também não havia cobradores nos tubos Água Verde, Sete de Setembro e Alferes Poli e no Guadalupe - pelos quais a reportagem passou entre 6 e 6h30.

Defendendo-se de não ter criado antecipadamente um plano B para entrar em operação caso a greve fosse deflagrada, a Urbs disse, na tarde desta quarta, que não tomou atitudes precipitadas porque isso poderia pressupor que a empresa não confia na decisão da Justiça, que já havia decidido a obrigação da circulação de uma frota mínima na RIT.

Táxis

Desde a madrugada, as centrais telefônicas de táxi estão congestionadas. Às 11h30, a reportagem tentou entrar em contato com quatro empresas que prestam o serviço. Apenas em uma delas foi possível falar com a atendente. Quantos às outras, a ligação sequer completou.

A empresa que atendeu a reportagem informou que mantém toda a frota em circulação, o que equivale e 240 carros. A quantidade é insuficiente para atender a todos os pedidos, e não estão sendo estabelecidos horários para a busca dos clientes em suas casas. Segundo a empresa, a tendência é de que no horário do almoço aumente ainda mais demanda pelos táxis.

A situação de contato com as centrais telefônicas não mudou muito desde o início da manhã. No período, a reportagem tentou os mesmos contatos e também só conseguiu conversar com uma única central - a mesma do fim da manhã. Para conseguir falar com a telefonista foram necessários aproximadamente cinco minutos de espera.

De acordo com a empresa, por volta das 7h15, toda a frota estava circulando no período, e, apesar dos contatos, também não havia previsão de tempo para que as pessoas fossem buscadas em casa. Na mesma empresa, a fila de espera começou por volta das 5h30.

Para economizar e agilizar o transporte, uma alternativa para quem precisa chegar ao trabalho é dividir uma viagem de táxi com colegas e vizinhos. É o que fez a auxiliar de serviços gerais Lenir Batista, de 49 anos. Moradora do Sítio Cercado, ela e mais três amigas dividiram o valor de uma corrida até o centro, de onde elas seguiram a pé para seus locais de trabalho para economizar. "Agora vou a pé até perto do [Hospital] Evangélico para economizar um pouco porque não tenho dinheiro", declarou Lenir, que ficou no telefone para conseguir um táxi das 5h30 até as 7 horas.

Pouco antes das 7 horas, na região central, havia táxis em pelo menos dois pontos - nas praças Rui Barbosa e Tiradentes -, porém, não havia passageiros.

Posicionamento das empresas

Em nota oficial encaminhada por meio de sua assessoria de imprensa, o Sindicato das Empresas de Transporte Urbano de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) informou que solicitou força policial para dissolver as barreiras criadas pelos grevistas, que impedem a entrada de pessoas e saídas dos ônibus das garagens. Segundo o órgão, as empresas estão desde a meia-noite com a frota pronta para operar.

O sindicato informou também que aguarda que a determinação da Justiça de manter parte da frota em circulação seja cumprida a fim de que a população trabalhadora e estudantil não seja prejudicada".

A entidade confirmou que os ônibus madrugueiros não puderam circular para transportar os motoristas e cobradores aos seus locais de trabalho, e que tentou, junto às autoridades e aos sindicatos dos trabalhadores, encontrar uma solução que evitasse a paralisação.

A nota não trouxe, contudo, nenhuma informação sobre possíveis acordos com o sindicato dos trabalhadores.

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