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depois de incêndio

Risco de desabamento fecha Estação da Luz e muda rotina de 1 milhão de pessoas

Incêndio no Museu da Língua Portuguesa afetou estrutura do prédio que abriga também a Estação da Luz | Gilberto Marques/A2IMG / Fotos Públicas
Incêndio no Museu da Língua Portuguesa afetou estrutura do prédio que abriga também a Estação da Luz (Foto: Gilberto Marques/A2IMG / Fotos Públicas)

A rotina de 1,1 milhão de passageiros da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) deve ficar prejudicada por pelo menos três dias, prazo estimado para o término da retirada dos entulhos do incêndio e o escoramento de uma das paredes da Estação da Luz, na região central, que corre o risco de cair sobre as plataformas, após o incêndio que destruiu o Museu da Língua Portuguesa, na segunda-feira (21).

Com o término dos trabalhos, o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) deve realizar novos testes para liberar a circulação das linhas 7-Rubi e 11-Coral da CPTM. Enquanto isso, os usuários terão que fazer baldeações no Metrô para seguir viagem para as estações Barra Funda, na zona oeste, e Brás, no centro.

Na quarta-feira (23), após os laudos do IPT e da Defesa Civil serem divulgados, revelando que uma viga de metal do imóvel se expandiu com as chamas, empurrando uma parede para dentro da estação, guindastes e operários chegaram ao local para começar os trabalhos. Foi o calor do incêndio que deformou a peça metálica, fazendo com que ela funcione como uma alavanca dentro do imóvel atingido.

O engenheiro da Concrejato, empresa contratada para os reparos, disse que o risco de queda “é iminente”.

Apesar de o museu e de a estação pertencerem ao governo do Estado, foi a Prefeitura de São Paulo, por meio da Defesa Civil, que manteve a interdição do prédio. A remoção do lixo, o escoramento e a restauração - que não tem prazo para ser concluída -, ficarão sob a responsabilidade da organização social IDBrasil Cultura, Educação e Esporte, parceira da Secretaria Estadual da Cultura na administração do museu destruído.

“O prejuízo que ele (o laudo do IPT) aponta é a possibilidade (da parede) de cair, por isso nós estamos sustentando, reforçando e tentando reequilibrá-las”, explicou Luiz Laurent Bloch, diretor executivo da organização. Dois guindastes serão os responsáveis por “amarrar” a estrutura de madeira que sobrou do telhado, já que também há risco das peças cederem sobre os escombros.

O secretário estadual da Cultura, Marcelo Mattos Araujo, explicou que a primeira etapa vai garantir “uma estabilidade mínima necessária” para liberar a circulação dos trens. Caso o IPT aprove, os acessos da estação pela Rua Mauá e pela Praça da Luz, continuarão fechados.

Os passageiros terão que usar os acessos subterrâneos do Metrô, também na Rua Mauá, para conseguir embarcar nos trens. A calçada no entorno do complexo também foi bloqueada e o trânsito pela Praça da Luz permanecerá interditado para transporte público e automóveis, enquanto as intervenções não terminarem. A Companhia de Engenharia de Trafego (CET) vai monitorar o bloqueio que acontece entre a Rua Brigadeiro Tobias e o Viaduto General Couto Magalhães.

Maiores intervalos

A CPTM já admite intervalos maiores na Linha 11-Coral, mesmo com três das quatro plataformas sendo liberadas para os vagões. Isso porque, a quarta área voltada para a Praça da Luz e abaixo da parede que corre o risco de cair, deve permanecer parada.

Duas delas são destinadas à Linha 7-Rubi, que liga a Luz à Estação Francisco Morato, na Grande São Paulo. As restantes, que servem para embarque e para desembarque, pertencem à Linha 11-Coral, conforme explicou, Carlos Roberto dos Santos, diretor de engenharia da companhia estadual.

“Nessa situação, o embarque e desembarque vai acontecer só pela plataforma três. Isso dificulta a operação do trem”, disse o técnico da CPTM. Ainda segundo ele, funcionários terão que ser realocados para as estações Barra Funda e Brás, já que a interdição da Luz deve aumentar o número de passageiros nos dois locais. Na estação incendiada, são cerca de 300 mil passageiros por dia fazendo integrações entre as linhas 7-Rubi e 11-Coral com as linhas 1-Azul e 4-Amarela do Metrô.

Como os passageiros prejudicados têm opções de seguir viagens dentro do próprio sistema metroferroviário, a CPTM não acionou ônibus da Prefeitura por meio do Plano de Apoio entre Empresas em Situação de Emergência (Paese).

Opção

Para os passageiros que entravam nas linhas 7-Rubi e 11-Coral pela Estação Luz, a CPTM recomenda a utilização das estações Barra Funda ou Brás. Dessa forma, os usuários vão precisar fazer o acesso à zona leste da capital pela linha 3-Vermelha do Metrô.

Também há opção para quem precisa ir para a região da Luz. “Na Barra Funda, também há integração com a Linha 8-Diamante (Júlio Prestes - Itapevi), cuja Estação Terminal Júlio Prestes fica a 250 metros da Estação da Luz”, explica a companhia.

Apesar de já registrar um movimento menos intenso no horário de pico da noite desta quarta-feira, 23, em relação ao mesmo horário de terça, passageiros evitaram a aglomeração para não amassar os presentes de Natal. “A gente coloca em uma sacola bonitinha para não amassar. Não tem condições de entrar no metrô com tanta gente”, diz o arquivista Wellington Mariano, de 25 anos. Ele disse que não fazia questão de ir sentado.

Com uma cesta de Natal que ganhou no trabalho, a atendente de banco Gerlane de Oliveira Barbosa, de 22 anos, também não encarou o vagão cheio. “Tem muita gente. Acho que por causa do fim de ano e do incêndio na Luz. Estou com coisa pesada e quero ir sentada.”

O Metrô informou que não há registro de aumento de fluxo de passageiros na linha 3-Vermelha. A CPTM também afirmou que o fechamento da Estação Luz não teve impacto nas outras linhas. “Até porque estamos no período de férias, época em que o movimento no sistema reduz sensivelmente”, explicou.

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