Rio de Janeiro - A presidente do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) do Rio de Janeiro, Marilene Ramos, disse ontem que dados de estações pluviométricas do órgão indicam que chuvas com a intensidade da semana passada, que causaram a morte de pelo menos 744 pessoas na região serrana do Rio de Janeiro até a noite de ontem, têm probabilidade de ocorrer a cada 350 anos. Segundo ela, o temporal foi totalmente atípico e resultados de estações do Inea contrariam dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). O volume foi maior que o divulgado, afirmou Marilene. A direção do Inmet não foi localizada para comentar a declaração.
Segundo o Inea, os dados do Inmet relativos a Teresópolis que indicaram precipitação de 124,6 mm num período de 24 horas (a partir de zero hora do dia 11) foram baseados em uma estação distante do núcleo de maior intensidade de chuva no município. Em Nova Friburgo, onde o Inmet registrou 182,8 mm, o resultado está mais próximo dos dados coletados pelo Inea.
"Se avaliarmos o volume de precipitação no período de 24 horas a partir de 20 horas do dia 11, nossas estações situadas no núcleo da chuva apontam 249 mm e 297 mm", afirmou Marilene. "Não temos condições de afirmar que foram as mais fortes chuvas já registradas na serra. Mas, com certeza, pelas características dos deslizamentos e escorregamentos, podemos afirmar que esses níveis de precipitação foram os verificados nas regiões atingidas de Teresópolis, Nova Friburgo e no Vale do Cuiabá, em Petrópolis."
Marilene disse que o sistema de alerta de Nova Friburgo é composto por cinco estações pluviométricas e hidrológicas (que apontam o nível dos rios). A sexta estação foi perdida durante a tempestade. O sistema dispara mensagens de celular em três níveis: atenção, alerta e alerta máximo. O primeiro alerta de atenção, no dia 11, foi expedido às 18h30. Já o alerta máximo foi divulgado por volta de 00h45 do dia 12. Segundo Marilene, eles foram recebidos pela Defesa Civil de Nova Friburgo.
O sistema de alerta foi implementado em 2008 e abrange, além de Nova Friburgo, Macaé e a Baixada Fluminense, com previsão de extensão a Petrópolis e Teresópolis. Funciona com base em dados de satélite fornecidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Prejuízos
Devastadas, as cidades da região serrana também sofreram o esvaziamento de uma de suas principais atividades econômicas, o turismo: 95% das reservas até o fim de janeiro foram canceladas e 80% até o final do verão. O setor contabiliza perdas de R$ 50,4 milhões só em faturamento dos hotéis. O pior prognóstico é para o centro de Nova Friburgo. A maior atração, o teleférico, foi danificada, e hotéis tiveram desabamentos ou estão sem acesso.
A Federação das Indústrias do Rio (Firjan) calcula perdas de R$ 153,4 milhões na produção, em matéria-prima e produtos estocados.