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Moradores das ruas Antonio Setin e André Moro, no bairro Afonso Pena, em São José dos Pinhais, foram surpreendidos no último sábado (7) por uma tromba d´água que deixou vários estabelecimentos inundados e destruídos, tamanha a força da água por volta das 7 horas. Pessoas que vivem na região e comerciantes afirmam que a enxurrada foi provocada pelo escoamento indevido da água armazenada em dois reservatórios do Aeroporto Internacional Afonso Pena.
O local mais atingido foi a Escola Estadual Godofredo Machado. Descendo pelo terreno localizado nos fundos do aeroporto, a água atingiu a frente da escola, atravessou a área interna, invadiu as salas de aula e quebrou a parede de uma delas.
Em perícia realizada na tarde desta segunda-feira (7), a Defesa Civil interditou a sala. De acordo com o agente Claudio Arruda, não há risco de desabamento das paredes, porém, devido ao excesso de umidade e água, o chão pode ceder.
A destruição da escola, no entanto, teve proporções ainda maiores: todas as salas foram inundadas; cadeiras, mesas e armários ficaram irrecuperáveis; a água estragou computadores, televisões, freezers e geladeiras. A escola também perdeu todo o estoque de alimentos para a merenda dos alunos e o leite que era doado à população. Durante todo o dia de hoje, o cenário era esse: equipes de professores e funcionários da escola revezavam-se para tentar salvar o que ainda podia ser recuperado, enquanto um caminhão da prefeitura recolhia móveis e materiais reduzidos a entulho.
Segundo a diretora Marta Conceição Munhoz, essa não é a primeira vez que a escola é atingida pela água escoada dos reservatórios do aeroporto, no entanto os estragos nunca haviam sido tão grandes. A previsão é de que a escola possa receber as 350 crianças e adolescentes matriculados somente na semana que vem. Além da limpeza e reconstrução do que foi perdido, o local deverá ser desinfetado devido à grande quantidade de ratos mortos encontrada no local, o que representa sério risco de contágio de leptospirose.
Infraero nega que aeroporto tenha reservatório
A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Infraero, que informou que o aeroporto não possui reservatórios de água, mas sim uma estação de tratamento de afluentes.
Empresa precisará de um mês para retomar produção
Outro estabelecimento bastante atingido foi a sede da empresa Picco Pioneer. O andar térreo do prédio - no qual são produzidos os cosméticos comercializados pela empresa - foi tomado pela água, que alcançou um metro e meio de altura.
Franciele Bruxel, proprietária da empresa, conta que ainda está levantando os prejuízos e estima que seja necessário pelo menos um mês até que o local esteja apto a retomar a produção. além de revisão do maquinário, a parede quebrada pela força da água terá de ser reconstruída. Quanto às causas do alagamento, Soraya Bruxel, garante que ele não foi provocado pelas chuvas que atingiram toda a região durante o fim de semana, mas sim pelo escoamento irresponsável da água dos reservatórios geralmente a água é escoada em pouca quantidade, mas dessa vez as comportas teriam sido abertas de uma só vez.
"Nós já enfrentamos outros pequenos alagamentos por causa do escoamento dos reservatórios do aeroporto, em dias de sol, sem nenhuma chuva. Sábado de manhã, quando a água subiu, nem estava chovendo. Os moradores viram a água descendo pelo morro, e em cinco minutos invadiu e arrastou o que tinha pela frente", conta Soraya.
Segundo Soraya, a empresa entrou em contato com a Infraero no sábado, para contar o que aconteceu e pedir por explicações, mas não obteve retorno. Na tarde de hoje, representantes da Infraero reuniram-se com a Prefeitura Municipal de São José dos Pinhais para discutir quais medidas deverão ser tomadas a partir de agora. Indignadas com a situação e o aparente desinteresse da Infraero em resolvê-la, Franciele e Soraya pretendem acionar a Justiça caso a responsabilidade não seja assumida.
Moradores sentem-se impotentes
O pequeno comércio no qual o casal Rosa e Wilson Chagas vendem doces e sorvetes foi um dos mais atingidos pela tromba d´água. Na manhã desta segunda, Wilson ainda contabilizava os prejuízos: quatro freezers, móveis, produtos da loja e o carro, que ficou absolutamente embaixo da água. Segundo ele, sempre que chove muito e os reservatórios do aeroporto enchem, a rua é atingida pela tromba d´água. "Nunca procuramos a Justiça porque não conseguimos nada lá. Já reclamamos e pedimos providências para a Infraero, mas ninguém faz nada. Parece que estão esperando alguém morrer na escola para tomar uma atitude", desabafa.