Ser vítima de roubo não gera apenas a perda de um patrimônio, como presume o senso comum. No caso da família de um empresário curitibano, 40 anos, vítima de assalto há pouco mais de um ano, no bairro Tarumã, o roubo retirou também a tranquilidade, o prazer em retornar para casa.
A cada volta do trabalho, de um passeio, do supermercado, o trauma é revivido. Não se sabe o que vai encontrar na entrada de casa. A estratégia de segurança é reforçada, com voltas na quadra antes de parar o carro.
Foi na chegada em casa que o cunhado do empresário, 24 anos, foi rendido por dois homens armados com pistolas. Ele foi empurrado para dentro da casa, onde sua mãe, de 56 anos, e outro irmão, foram rendidos com gritos de “vou te matar se não fizer o que estou mandando”.
A dona da casa contou como revive aquele momento: “foi muito traumatizante”. A família falou sob a condição de anonimato em razão do medo. No mesmo dia que a reportagem foi entrevistá-los, ocorreu um roubo a poucos metros da casa deles. Um senhor foi assaltado e teve seu veículo levado por ladrões que agiram com violência semelhante.
O assalto à família durou menos que dez minutos. “Eu dizia ‘peguem o que quiser e vão embora’”, contou ela. O pedido, no entanto, não era atendido. Parecia interminável. Um dos filhos dela fugiu ao ter uma chance – ação não recomendada pela polícia – e saltou da sacada do sobrado. O fato agitou ainda mais o comportamento dos criminosos.
“Engatilharam a arma e falavam que meu irmão havia me matado”, explicou o jovem, que foi vítima. Os ladrões eram aparentemente jovens, bem vestidos e com uma coordenação nas ações. Falavam ao telefone com um terceiro que estava na retaguarda em um veículo.
Apesar da ação violenta, a presença de espírito da dona da casa ajudou que a ação dos assaltantes fosse mais rápida. “Eles queriam cofre, mas não temos. Falei que tinha o dinheiro reservado para a diarista”, lembrou. Ao pegar o dinheiro, saíram. Lá se foram R$ 900 e alguns eletroeletrônicos, mas o trauma ficou.