Autoridades municipais e estaduais do Rio Grande do Sul se reuniram nesta segunda-feira em Porto Alegre para traçar novas medidas para conter a gripe H1N1 no Estado, que registrou 11 das 15 mortes no Brasil devido à nova doença.
Nesta segunda-feira, Uruguaiana e Barra do Quaraí, na fronteira com a Argentina e o Uruguai, decretaram situação de emergência devido ao surto da gripe na região.
Segundo o prefeito de Uruguaiana, Sanchotene Felice (PSDB), o vírus H1N1 transita livremente no município e na região oeste do Estado e com o decreto, que é válido por 90 dias, agiliza-se a contratação de profissionais e a compra de materiais.
"O número oficial é de 800 (pessoas) com gripe, mas se formos esperar exames... Há exames que estão há 20 dias na Fiocruz e que não voltam", disse Felice à Reuters. "Então é preciso tratar imediatamente."
De acordo com o prefeito, oito pacientes estão internados em UTIs no município. Das 11 mortes por gripe H1N1 registradas no Estado, três foram em Uruguaiana, de aproximadamente 140 mil habitantes.
"Estamos multiplicando nossas necessidades e as despesas são imensas", afirmou o prefeito. "Nós estamos suportando, mas não sei até quando."
Outro município gaúcho a decretar situação de emergência foi Barra do Quaraí, vizinho a Uruguaiana. Apesar de não haver confirmação de casos da nova gripe na cidade, de quatro mil habitantes, o prefeito afirmou que a medida traz "tranquilidade" à população.
"A nossa preocupação maior é que estamos na fronteira com dois países (com muitos casos)", disse Maher Jaber (PT). "O município está se mobilizando até porque a população nos cobra. Nós estamos buscando nos prevenir."
"Não dá para parar o mundo"
O secretário de Saúde do Rio Grande do Sul, Osmar Terra, reuniu-se em Porto Alegre com prefeitos e representantes dos municípios da fronteira Oeste do Estado para discutir novas ações contra a epidemia da doença na região, que já registrou quatro mortes pela gripe.
No encontro, ficou acertada a padronização de protocolos e a entrega de medicamentos e equipamentos, como respiradores, aos municípios da área.
"É uma região de fronteira com a Argentina, é uma área onde o vírus circula mais", afirmou o secretário à Reuters. "O município que tem surto tem que tomar medidas para conter o surto local. Não temos no Estado disseminação grande do vírus, temos em alguns locais", acrescentou.
Terra afirmou que o número de casos da nova gripe no Estado deve ter superado três mil e descartou adotar situação de emergência no Rio Grande do Sul devido ao surto da doença.
"Não dá para parar o mundo, nenhum país parou. E mesmo a gente tomando medidas muito drásticas, a velocidade da disseminação do vírus não vai diminuir. Estamos dentro da média mundial, temos que garantir o atendimento a quem precisar", afirmou.
Além de Uruguaiana e Barra do Quaraí, dois outros municípios gaúchos já haviam decretado situação de emergência pela doença -- São Gabriel e Itaquí.
Das 15 mortes registradas no Brasil pela nova gripe, 11 foram no Rio Grande do Sul e quatro delas foram confirmadas no domingo -- duas em Uruguaiana, uma em São Borja e outra em Santa Maria. São Paulo registrou três mortes e Rio de Janeiro uma.
Exército e TV
Em Santa Rosa (RS), agentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) realizaram os primeiros treinamentos com militares do Exército que reforçarão a vigilância nas fronteiras do Sul.
Militares distribuirão panfletos sobre a doença e turistas estrangeiros serão cadastrados nos pontos de entrada do país.
Na terça-feira, o Ministério da Saúde iniciará uma nova campanha de conscientização no Rio Grande do Sul para esclarecer a população sobre a doença. As mensagens, que devem ser transmitidas por rádio e TV, irão reforçar as recomendações da pasta, maneiras de prevenção e atendimento de pacientes.
Segundo o último boletim sobre casos da gripe H1N1 no país, divulgado pelo Ministério da Saúde no dia 15, há 1.175 casos confirmados da doença no país. Os Estados com maior número de casos são São Paulo (512 confirmações), Rio Grande do Sul (135), Rio de Janeiro (128) e Minas Gerais (109).
Na quinta-feira, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, afirmou haver os primeiros indícios de circulação do vírus H1N1 no país.
Na semana passada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que a pandemia de gripe H1N1 é a que se dissemina mais rapidamente da história e parou de contabilizar os casos da nova doença.
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