A Aliança Pela Água, coalizão que reúne cerca de 60 entidades entre ONGs, especialistas e movimentos sociais lança, nesta quinta-feira (10), o aplicativo “Tá Faltando Água”, cujo objetivo é mapear e conscientizar a respeito da falta de água na região metropolitana de São Paulo. O aplicativo foi apelidado de “Waze da falta d’água” em referência à popular rede social do trânsito.
O “Tá Faltando Água” usa sistemas de geolocalização do próprio celular ou o CEP do imóvel atingido, o que permite que as pessoas registrem a incidência de falta d’água em tempo real em toda a região metropolitana, com avatares dos usuários indicando sua localização exata.
O “app”, desenvolvido por voluntários de uma empresa de software, terá duas versões: uma disponível na internet, para acesso via navegador,e outro para celulares com sistema operacional Android e iOS. A arquiteta e urbanista Marussia Whately, coordenadora da Aliança Pela Água, explica que o “app” tem como objetivo promover a transparência a respeito do problema.
- Sentíamos uma necessidade de dar visibilidade para o problema da falta d’água porque, até então, não existia nenhuma informação a respeito da abrangência da crise. Por isso, o aplicativo é mais um serviço para que as pessoas aprendam a lidar com isso.
Posteriormente, a ideia, segundo Marussia, é reunir e divulgar os resultados obtidos pelo aplicativo periodicamente no site da organização.
“Vamos organizar os dados e endereçá-los aos responsáveis nas esferas federal, estadual e municipal. Um dos objetivos é que o aplicativo funcione como uma espécie de canal para o poder público. Os relatórios terão base aberta para que todos possam fazer uma análise independente, caso queiram”, explica a arquiteta.
O lançamento do aplicativo faz parte da campanha “Tá Faltando Água” organizada pela entidade que vai promover também encontros e aulas públicas a respeito do assunto em diferentes regiões da cidade que estão sofrendo com a falta d’água.
“Essa campanha nos ajuda a trabalhar a verdade sobre a água, compreender de fato o que está acontecendo, porque não é algo circunstancial. A estiagem traz à tona uma série de problemas de gestão e de transparência. E para que possamos construir uma nova cultura da água no Brasil é preciso conhecer um pouco do problema”, diz Marussia.
A chuva forte que atingiu a capital e outras regiões do Estado de São Paulo na última terça-feira fez o volume do Sistema Cantareira subir pela primeira vez em 44 dias, segundo dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). O nível do conjunto de represas passou de 15%, na terça-feira, para 15,4% nesta quarta (9), alta considerada significativa. Mas o sistema continua a níveis preocupantes, afetando o abastecimento de água em São Paulo.